Estudante de medicina faz piada com texto sobre estupro e gera revolta

 

Horas depois da prisão do médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, de 32 anos, por estuprar uma paciente durante o parto em São João de Meriti (RJ), um estudante de medicina gerou revolta nas redes sociais ao fazer uma sátira de um texto que refletia sobre a violência de gênero. O conteúdo, publicado pela fotógrafa Tracy Figg, descreve lugares e circunstâncias nos quais as mulheres estão vulneráveis ao estupro.

"Na infância. Na pré-adolescência. Adultas. Idosas. NO PARTO. Na rua, na igreja, em casa", diz um trecho do texto.

O post viralizou nesta terça-feira, 12. Republicado inclusive por famosos, o texto ainda aponta como as mulheres correm riscos de serem violentadas por familiares e companheiros do gênero masculino.

Após a publicação, o perfil de Lucas Müller Mendonça, que se identifica como um estudante de 21 anos do curso de medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), publicou um comentário sexista em que repete a estrutura do texto original, mas com termos que debocham do desempenho de mulheres ao volante.

"No cruzamento da preferencial. Com placa de pare. Na mudança de pista. No sinal vermelho. Na pista molhada. Loiras. Morenas (...). Por não saber fazer baliza. Por invadir a pista ao lado, por andar na contramão. Nem toda mulher, mas sempre uma mulher", escreveu.

O comentário foi apagado pelo autor após receber uma série de críticas, das quais se defendeu em seu perfil do Instagram. O estudante alegou que o texto original faz o que chamou de "generalização ridícula". 

"Sempre um homem? Óbvio que meu texto é ridículo, essa era a intenção desde o começo, visto que meu texto é satírico e com o único fim de expor a generalização ridícula que foi feita no texto original. Mulheres também estupram, mulheres também cometem importunação sexual... Assim como homens também cometem infração de trânsito", se defendeu.

O Terra entrou em contato com o estudante, mas não teve nenhum retorno até a publicação desta matéria. O perfil de Mendonça na rede social foi trancado após a repercussão negativa do caso.

A Associação Atlética Acadêmica de Medicina da UFMS, onde Lucas estuda, publicou uma nota de repúdio às declarações feitas pelo estudante.

"Tais declarações ferem nossa política, que busca sempre por igualdade e se opõe a qualquer tipo de misoginia", diz o texto.

 

 

 

 

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