Manifestantes ocuparam as ruas do centro do Recife na tarde deste domingo (21) para o ato contra a PEC da Blindagem e o PL da anistia para os condenados por tentativa de golpe. Artistas, políticos e movimentos sociais de esquerda protestaram em mais de 30 cidades brasileiras, incluindo as capitais.
A concentração começou em frente ao Ginásio Pernambucano. De lá, o grupo seguiu em passeata que finalizou com a chegada ao Marco Zero. No trajeto, artistas e políticos se revezaram no palco de um dos mini-trios que acompanhavam o ato. O bloco carnavalesco "Eu acho é Pouco" se apresentou no evento.
Nos cartazes e faixas,
além de fotos dos deputados federais pernambucanos que votaram a favor
da PEC, os participantes exibiam mensagens pedindo a prisão do
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e que não haja anistia para os
condenados pelo 8 de Janeiro.
Aprovada em dois turnos na Câmara dos Deputados no início da semana, a
PEC da blindagem amplia a proteção de parlamentares contra investigações
da Justiça. Na mesma semana, a casa aprovou a urgência para a
tramitação do projeto de anistia, e o deputado federal Paulinho da Força
(SD-PR) foi escolhido como relator.
Presente no ato, a senadora Tereza Leitão (PT) garante que a blindagem
de parlamentares deve ser derrubada no Senado, mas ressalta que a luta
contra a anistia precisará de reforço.
"Essa PEC da blindagem é um absurdo ético, moral e constitucional. Temos que derrubá-la, e, no Senado, vamos derrubá-la. Mas a luta que temos que apoiar com muita força, muito povo na rua, é a luta contra a anistia", enfatizou a senadora.
Ao
discursar no ato, a vereadora do Recife, Liana Cirne (PT), pediu que o
presidente da Câmara dos Deputados paute as matérias de interesse da
população, citando o projeto de isenção do imposto de renda como
exemplo. Ela também comentou a declaração do relator do projeto de
anistia de que reduziria o projeto à revisão do tempo das penas dos
condenados.
"Não diria que é um avanço, diria que é algo menos pior. Mas continua
não sendo do interesse do povo brasileiro, sendo uma pauta de interesse
apenas corporativista da extrema-direita brasileira. Isso não interessa
ao Brasil", declarou.
Vestida com a bandeira do Brasil, como se tornou comum ver apoiadores de
Bolsonaro fazerem nas manifestações de direita, a servidora pública
Paula Rubens, de 66 anos, acredita que a pauta do combate à impunidade
pode vencer a polarização no país.
"A bandeira é do Brasil, não tem dono, a gente precisa resgatar ela para
o povo brasileiro. É branco de paz, é vermelho de luta e o Brasil. Não
tem divisão mais não, agora é contra a impunidade e contra
a imoralidade", declarou.
Presenças
Em Pernambuco, o evento foi prestigiado por políticos de partidos de
esquerda. Estavam presentes os senadores Teresa Leitão (PT) e Humberto
Costa (PT), o primeiro-secretário da Câmara dos Deputados e presidente
do PT estadual, deputado federal Carlos Veras (PT), e, além deles, os
deputados federais Renildo Calheiros (PCdoB), Maria Arraes
(Solidariedade), e Túlio Gadêlha (Rede).
Representantes da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) também marcaram presença no evento. As deputadas Rosa Amorim (PT) e Dani Portela (Psol) e o deputado João Paulo (PT) acompanharam a passeata.
As
vereadoras do Recife, Liana Cirne (PT), Kari Santos e de Olinda,
Eugênia Lima (PT), a ex-deputada federal Marília Arraes, o ex-vereador
do Recife, Ivan Moraes e o ex-candidato ao governo de Pernambuco e
influenciador digital de esquerda, Jones Manoel, também estavam
presentes no protesto.
A organização do evento estimou o público em 30 mil pessoas. Para a
manifestação, 70 policiais militares foram destacados para garantir a
segurança.