O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu, neste sábado (5), o que chamou de reglobalização sustentável, “uma nova aposta na globalização, dessa vez baseada no desenvolvimento social, econômico e ambiental da humanidade como um todo”, disse no discurso de abertura da Reunião de Ministros de Finanças e Presidentes de Banco Centrais do Brics.


O ministro também manifestou apoio ao estabelecimento de uma Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Cooperação Internacional em Matéria Tributária, ou seja, um acordo tributário global mais justo.
“Trata-se de um passo decisivo rumo a um sistema tributário global mais inclusivo, justo, eficaz e representativo – uma condição para que os super-ricos do mundo todo finalmente paguem sua justa contribuição em impostos”, afirmou.
Segundo o ministro, o Brics, tem origem no
pleito dos países membros por maior peso no sistema financeiro
internacional. Países que, juntos, representam quase a metade de toda a
humanidade. “Nenhum outro foro possui hoje maior legitimidade para
defender uma nova forma de globalização”, disse Haddad.
Haddad também relembrou o papel do Brasil à
frente do G20, quando encabeçou o lançamento da Aliança Global contra a
Fome e a Pobreza, e, desde então, manifestou-se “em defesa da
tributação progressiva dos super-ricos.
Já naquele momento, fizemos da defesa do multilateralismo uma marca da
presidência brasileira. De lá para cá, essa defesa se tornou urgente.
Não há solução individual para os desafios do mundo contemporâneo”.
De acordo com o ministro, nenhum país
isoladamente, por mais poderoso que seja, “pode dar uma resposta efetiva
ao aquecimento global, ou atender as legítimas aspirações da maior
parte da humanidade por uma vida digna.
A perspectiva de criar ilhas excludentes de prosperidade em meio à
policrise contemporânea é moralmente inaceitável. Em vez disso, temos
que encontrar soluções cooperativas para os nossos desafios comuns”,
destacou.
Em relação a crise climática, Haddad
ressaltou que os países do Brics estão “desenvolvendo instrumentos
inovadores para acelerar a transformação ecológica”.
Ele também destacou as discussões sobre a criação do Fundo Florestas
Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), com objetivo de
movimentar economias de baixo carbono.
Países ricos, com histórico poluente muito superior aos demais, teriam
de se comprometer a investir mais recursos na manutenção do fundo.
“Nos últimos dias, conversamos muito sobre o Tropical Forest Forever Facility. Estou convencido de que o Brics pode desempenhar um papel decisivo em sua criação, com um anúncio de grande impacto durante a COP 30 [30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima]”, disse.
“Em parceria com o Brics, almejamos consolidar-nos como um porto seguro em um mundo cada vez mais instável. Serenidade e ambição, são, portanto, as marcas da nossa presidência”, acrescentou.
BRIC
O Brics é um bloco que reúne representantes de 11 países membros
permanentes: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia
Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia.
Também participam os países parceiros: Belarus, Bolívia, Cazaquistão,
Tailândia, Cuba, Uganda, Malásia, Nigéria, Vietnã e Uzbequistão. Sob a
presidência do Brasil, a 17ª Reunião de Cúpula do Brics ocorre no Rio de
Janeiro nos dias 6 e 7 de julho.
Os 11 países representam 39% da economia mundial, 48,5% da população do planeta e 23% do comércio global. Em 2024, países do Brics receberam 36% de tudo que foi exportado pelo Brasil, enquanto nós compramos desses países 34% do total do que importamos.