O prazo de 1º de agosto estabelecido pelos Estados Unidos para a imposição de novas tarifas sobre seus parceiros comerciais permanece inalterado, afirmou o secretário de Comércio, Howard Lutnick, neste domingo (27).
"Não haverá prorrogação nem mais períodos de carência. Em 1º de agosto as tarifas serão fixadas. Entrarão em vigor. As alfândegas começarão a arrecadar o dinheiro", declarou Lutnick à Fox News.
Embora as taxações entrem em vigor, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, manterá abertas as portas para alcançar acordos com seus parceiros, explicou Lutnick.
Apenas cinco países firmaram acordos comerciais com Washington: Grã-Bretanha, Vietnã, Indonésia, Filipinas e Japão.
As tarifas acordadas por esses Estados superam a taxa de 10% que os
Estados Unidos aplicam desde abril à grande maioria dos países, mas
ainda assim estão muito abaixo dos níveis com os quais Trump ameaçou se
os governos não chegassem a um acordo com Washington que pôs fim ao que
ele considera como práticas desleais.
Entenda a escalada da crise
Uma série de fatos podem ser apontados como fatores que reforçaram a
crise entre Brasil e Estados Unidos. A primeira delas, pode ser
considerada a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em junho de 2023. Ele se tornou
inelegível por abuso de poder econômico e político duante as eleições de
2022.
Próximo a Donald Trump, Bolsonaro foi um dos últimos presidentes a
reconhecerem a vitória do presidente estadunidense Joe Biden, que
derrotou Trump na corrida pela Casa Branca em 2020.
Antes disso, em outubro de 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), chegou a defender uma moeda alternativa ao dólar americano para
transações entre os países membros do Brics. Os Estados Unidos são
contrários à medida.
No mês seguinte, em meio à campanha presidencial nos Estados Unidos, o
presidente brasileiro defendeu abertamente a candidatura da democrata
Kamala Harris e, criticando Donald Trump, citou o nazimo "com outra
cara". Em janeiro de 2025, o republicano voltou ao comando dos Estados
Unidos.
Já em fevereiro de 2025, a Procuradoria Geral da República denunciou o
ex-presidente Bolsonaro por tentativa de golpe de estado, no caso da
invasão aos prédios dos três poderes, em Brasília, em 8 de janeiro de
2023.
Um mês depois, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do
ex-presidente, pediu licença do mandato e intensificou sua presença nos
Estados Unidos. Em abril, Donald Trump anuncia tarifas recíprocas para
diversos países. O Brasil foi taxado em 10%.
Em 21 de maio, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, declarou que
o país avaliava impor sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF), Alexandre de Moraes, responsável pelas investigações da tentativa
de golpe.
Em evento do "banco dos Brics" em 4 de julho, o presidente Lula voltou a
defender a utilização de uma moeda alternativa ao dólar. Dois dias
depois, enquanto o grupo de países ainda se reunia na 17ª Cúpula dos
Brics, realizada no Rio de Janeiro, Trump anunciou nas redes sociais que
países alinhados ao bloco receberiam taxa adicional de 10%, por ideias
"antiamericanas". Ele criticou a ideia de uma moeda alternativa proposta
por Lula.
Um dia depois, em 7 de julho, Trump publica uma crítica ao judiciário
brasileiro, chamando o processo contra Bolsonaro de "caça às bruxas". A
mensagem foi compartilhada por Bolsonaro, incitando ataques ao STF.
Em coletiva de imprensa no dia 8 de julho, Lula afirmou que o Bricas não
aceitaria "intromissão de quem quer que seja", em referência à
declaração de Trump. No mesmo dia, o presidente estadunidense voltou a
dizer que países do bloco seriam taxados.
Em 9 de julho, Trump endereça uma carta ao presidente brasileiro,
anunciando tarifas de 50% sobre produtos do Brasil exportados para os
Estados Unidos. A justificativa do americado incluiu críticas ao
julgamento do ex-presidente Bolsonaro.
No dia 15 de julho de 2025, o Escritório do Representante Comercial dos
EUA abriram uma investigação formal contra o Brasil, incluindo sobre as
transações financeiras instantâneas, o Pix, utilizadas pelo país.
O ex-presidente Bolsonaro concedeu entrevista coletiva em 17 de julho na
qual relacionou a suspensão das sanções econômicas ao país com a
aprovação de um projeto de anistia dos presos pelo 8 de janeiro, que
tramita na Câmara dos Deputados.
A deflagração de uma operação da Polícia Federal na casa de Bolsonaro,
em Brasília, e a determinação do ministro Alexandre de Moraes de que o
ex-presidente utilizasse tornozeleira eletrônica, foram mais um fator na
crise entre os dois países.