As festas juninas têm sido uma oportunidade de pré-candidatos ao governo de Pernambuco e botarem lenha na fogueira e acenderem a chama para 2026. O desafio é mantê-la firme e incendiar o coração dos eleitores.
Depois de viver toda sua vida em Caruaru e ter administrado a Capital do Forró por duas vezes consecutivas, a governadora Raquel Lyra (PSD) sabe da energia que move a população.
Recifense, mas com raízes cravadas na história do pai e do bisavô, os ex-governadores Eduardo Campos e Miguel Arraes, o ex-deputado federal e prefeito da capital pernambucana, João Campos (PSB), conhece bem a força do povo.
A governadora iniciou a agenda junina no dia de Santo Antônio. Em uma sexta-feira 13, pisou em campo minado. Chegou para a abertura do São João em Petrolina, onde o grupo Coelho, o mais forte na cidade sertaneja, apoia hoje seu concorrente em potencial.
João Campos estava no município desde o dia anterior para o tradicional forró promovido pelo ex-senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), pai de três pré-candidatos: o deputado estadual Antonio Coelho e o federal Fernando Filho, que vão disputar a reeleição; e o ex-prefeito Miguel Coelho, que já se colocou para uma das vagas ao Senado.
No sábado, Raquel Lyra continuou no Sertão, e esteve em Arcoverde, onde dançar o coco é tradição, e o prefeito Zeca Cavalcanti (Podemos), aliado.
"O que estamos vendo nas festas juninas deste ano é uma disputa política de alto nível travestida de celebração popular. Raquel Lyra e João Campos já estão em campo, não há mais espaço para dúvida. O São João, nesse contexto, não é só agenda cultural. Virou arena política", afirma o cientista político Elias Tavares, especialista em comunicação eleitoral e marketing político.
No último fim de semana antes do São João, Raquel Lyra marcou presença em quatro municípios do Agreste. Todos comandados por aliados. Esteve em Surubim, na sexta.
Abriu o sábado no próprio chão, em Caruaru, onde, entre beijos, abraços e selfies, levou mais de hora para percorrer um trecho de alguns metros, no Alto do Moura.
Seguiu para Gravatá, e no domingo, fora da agenda oficial, acabou em Bezerros. Hoje deve voltar ao Agreste para celebrar as festividades em Limoeiro. Lá, há menos de 15 dias, entregou uma cozinha comunitária e uma ponte reformada.
Com as limitações de ser prefeito da capital e que ainda não admitiu a pré-candidatura, João Campos ainda foi prestigiar a festa em Vitória de Santo Antão.
Prefeito do Recife, João Campos (PSB), e o vice Victor Marques (PCdoB)
A cidade, que pela BR-232 é a porta do interior do estado, é comandada por um aliado de peso: o prefeito Paulo Roberto Arruda, pai da deputada federal Iza Arruda e do secretário de Cidadania e Cultura de Paz do Recife, Túlio Arruda, pré-candidato a estadual.
Até o fim do ciclo junino, segundo a assessoria, João Campos deve focar nas festividades da capital, que tem como principais pontos de animação o Sítio Trindade, na Zona Norte, e a Avenida Rio Branco, no Bairro do Recife, além de polos descentralizados.
“A política do Nordeste sempre teve um componente afetivo, e quem entende isso larga na frente. João aposta no carisma e na emoção. Raquel, na entrega e na estrutura. A governadora defende uma visão de centro-direita ancorada na tecnocracia. O prefeito tenta reoxigenar a esquerda com presença popular e símbolos familiares. Ambos sabem que o eleitor está olhando”, enfatiza Elias Tavares.