Dono da voz que mais representa a notícia na televisão brasileira, Cid Moreira, um dos maiores precursores do gênero televisivo do telejornalismo, deixou a vida aos 97 anos, em um hospital particular em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, vítima de uma insuficiência renal crônica. Deixa também um notável legado de uma carreira que se tornou grande referência na maneira de se fazer comunicação.
Nascido em 29 de setembro de 1927, o jornalista, natural de Taubaté, em São Paulo, completou 97 anos no último domingo (29) e publicou nas suas redes sociais um vídeo da comemoração do seu aniversário. A partida do apresentador lhe rendeu homenagens de colegas de profissão, autoridades, intelectuais e artistas, que publicaram notas de pesar pela perda do jornalista.
Homenagens
“O rosto da notícia e do ‘boa noite’ para milhões de brasileiros. De uma
voz única, potente, o jornalista também fez muitas locuções, as mais
famosas delas nas gravações da Bíblia Sagrada. Meus sentimentos aos
familiares, amigos, colegas e admiradores de Cid Moreira. Seu legado no
jornalismo e na televisão brasileira sempre será lembrado”, escreveu o
presidente Lula.
“Era um homem que gostava de trabalhar. O mais competente de todos que
já conheci e dono de um talento raro”, afirmou o apresentador Sérgio
Chapelin, parceiros de bancada de Cid Moreira por quase 20 anos. Durante
o programa "Encontro", da TV Globo, o apresentador William Bonner
também lembrou de diversos momentos em que teve com Cid, a exemplo da
festa que celebrou os 50 anos do "Jornal Nacional", último encontro
entre eles.
"Lembro quando eu pude apresentar o 'Jornal Nacional' com ele. Eu olhei
para a direita e perguntei: 'Quando você parou de ficar nervoso na
bancada?'. Falei isso porque ele é uma figura gigantesca, tem uma voz e
credibilidade indiscutível. Ele me disse: 'Nunca. É impossível não ficar
nervoso fazendo o 'Jornal Nacional'. É sempre muita tensão. Eu só estou
em um grau menor que o seu porque faço há muito tempo, mas estou tenso.
O dia em que você não estiver tenso, você vai errar'", completou
Bonner, que Bonner substituiu Cid Moreira na bancada do "Jornal
Nacional", a partir de 1996.
Trajetória
Nascido em 29 de setembro de 1927, o jornalista, natural de Taubaté, em
São Paulo, começou a carreira profissional na Rádio Difusora de Taubaté,
como contador, aos 15 anos. Como sua voz era muito bonita e grave, foi
convidado para ser locutor. Após formar-se contador, Cid transferiu-se
para a Rádio Bandeirantes em 1947.
Em 1951 foi contratado por Gilberto Martins junto com Carlos Henrique e
Nelson de Oliveira para a Rádio Mayrink Veiga. Ali permaneceu por 12
anos como um dos principais narradores até ser contratado pela TV
Excelsior. Apresentou entre 1969 e 1996 o Jornal Nacional da Rede Globo
de Televisão, sendo recordista como âncora que mais tempo esteve à
frente de um mesmo telejornal.
Entre outras narrações imortalizadas pelo apresentador está a dublagem
do mágico "Mister M", em um quadro do "Fantástico"; a vinheta da bola
Jabulani, na Copa do Mundo de 2010, e a audiodescrição da Bíblia
Sagrada, sucesso de vendas com 33 milhões de cópias. Aos 87 anos e 70 de
carreira, publicou a biografia “Boa Noite”, mesmo nome do documentário
sobre sua carreira, lançado em 2020.
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