Simone Tebet (MDB) assumiu nesta quinta-feira, 5, o cargo de ministra do Planejamento após convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A emedebista foi importante apoio para o petista durante o segundo turno das eleições presidenciais.
Em cerimônia com presença de autoridades e parlamentares, Tebet discursou no Palácio do Planalto, em Brasília, e revelou ter ficado surpresa ao ser convidada para comandar a pasta e trabalhar em uma pauta que, segundo ela, é onde possui mais divergências com o petista.
"Quando abri a carta de Lula e li 'Ministério do Planejamento e Orçamento', eu abri a boca para dizer que era um equívoco, porque é na pauta econômica que temos mais divergências, e Lula simplesmente me ignorou, como quem diz: 'Isso que eu quero, sou um presidente democrata, não quero só os iguais, quero os diferentes para somar'. E assim se constrói uma nação soberana, igual e justa para todos", afirmou.
Em seu discurso, Tebet agradeceu a Deus e a Lula pela "confiança absoluta" de lhe entregar uma das pastas mais importantes do governo. A nova ministra também mencionou jovens que conheceu durante a posse de Marina Silva (Rede) na quarta-feira, 4.
"Quando vejo essas meninas, com idade para serem minhas filhas, vejo que não estava na hora de voltar para casa, precisava continuar fazendo política em nome de todas as filhas e filhos das Marias desse Brasil", afirmou. "O Ministério do Planejamento trata do futuro, mas também do presente (...) e do Brasil que queremos ser".
A ministra completou que terá ao seu lado um time econômico que fará a diferença e fará o governo Lula dar certo, com garantia de recursos para as políticas públicas e para que ministros e ministras possam cumprir suas responsabilidades.
Tebet também elogiou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) - presidente no evento -, a quem chamou de "o mais importante ministro da Esplanada" e que tem "a chave do cofre na mão".
Responsabilidade com gastos públicos e críticas a Bolsonaro
Tebet disse ainda que haverá em sua gestão preocupação com política social, mas também com a política fiscal, e fez projeções. "Não vamos descuidar dos gastos públicos", afirmou. "A política social é central neste governo para o País neste momento dramático que vivemos, mas não há política social sustentável sem uma política fiscal responsável. Seremos responsáveis com os gastos públicos".
"Pensando no presente: pão a quem tem fome, abrigo a quem não tem teto, hospital aos enfermos e emprego aos desempregados", pontuou. "Pensando no futuro: escola de qualidade, ciência e tecnologia, esporte e cultura para crianças e jovens, meio ambiente e sustentabilidade para casa uma das pastas e cada item do Orçamento a pedido de Lula, Marina [Silva], Alckmin e equipe econômica".
A ministra também mencionou e fez críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). "Quem saiu deixou uma terra arrasada. Em retirada, o capitão e sua tropa deixaram para trás sementes de destruição. Mesmo assim, vamos avançar e cuidar das boas sementes, porque o Brasil sempre foi terra fértil".
Ela também prometeu que o orçamento público será pensando nas minorias e necessitados. "Os pobres estarão prioritariamente no orçamento público. A primeira infância, idosos, mulheres, povos originários, pessoas com deficiência, LGTBQIA+. Passou da hora de dar visibilidade aos invisíveis. Tem de abarcar todas essas prioridades, sem deixar de ficar de olho na dívida pública".
Antes de Tebet, discursaram autoridades como a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), e a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Estavam presentes ainda Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente da República, Esther Dweck, ministra da Gestão e o ex-presidente José Sarney (MDB), a quem Tebet mencionou como o presidente por trás da transição pacífica de uma ditadura militar para a democracia brasileira.