Hospital dá detalhes do que ocorreu com mulher que teve mão amputada após dar à luz: 'complicações'

Hospital dá detalhes do que ocorreu com mulher que teve mão amputada após dar à luz: 'complicações'

 

Após a repercussão do caso da mulher de 24 anos, que teve a mão e parte do braço amputadas após dar entrada no Hospital da Mulher Intermédica de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, a unidade se pronunciou e alegou que a paciente tinha “histórico de múltiplas gestações, inclusive com algumas complicações”.

A defesa da jovem rebate, afirmando que o quadro era acompanhado e controlado. O caso está em investigação pela Polícia Civil, além do Ministério Público e do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (CREMERJ).  

A história da mãe que perdeu o membro ganhou notoriedade na última semana, quando veio a público, mas se arrasta desde outubro do ano passado. Gleice Kelly Gomes da Silva estava com 39 semanas de  gestação quando deu entrada no hospital, onde passou por um parto normal. O pesadelo dela começou logo após parir, quando foi informada de que estava com uma hemorragia. 

Durante a avaliação do quadro dela, feito pela equipe, ela apagou. "Depois desse desmaio, eles colocaram esse acesso, deve ter sido para me dar algum medicamento ou até passar alguma anestesia", conta. Na madrugada do mesmo dia, quando o marido foi vê-la no quarto, sua mão já estava inchada e vermelha (veja foto abaixo).

Entre uma transferência para outro hospital e alguns dias de espera, ela recebeu a notícia de que teria que amputar a mão, já que “não tinha mais movimento e nem pulso”. Além da tristeza de ficar longe dos filhos, incluindo o recém-nascido, ela ainda teve que lidar com o choque de perder parte do braço. 

Diante dos questionamentos sobre o que de fato ocorreu com Gleice, a administração do hospital informou que “por questões anomalias a qualquer ato médico a paciente apresentou quadro importante de hemorragia pós-parto, evoluindo para um choque hemorrágico grave secundário a atonia uterina e inversão uterina”. De acordo com a unidade, esse quadro é responsável por 60% de mortes maternas no período pós-parto, sendo que 45% desses óbitos ocorrem nas primeiras 24 horas. 

A administração afirmou que as medidas “imediatas tomadas na unidade hospitalar garantiram a manutenção da vida da paciente” e que o braço esquerdo dela foi imediatamente tratado, “desde os primeiros sinais de isquemia secundário ao choque hemorrágico”.

Além disso, a unidade alegou que todas as medidas tomadas priorizaram salvar a vida de Gleice, “até que ela apresentasse melhores condições para transferência para hospital de maior complexidade”, onde foi realizada a amputação. Após os esgotamento de todas as tentativas de preservar o braço dela e diante da “irreversível piora do quadro com trombose venosa de veias musculares e subcutâneas”, houve a necessidade de ser realizada a cirurgia para amputar a mão, “prol da vida da paciente”, segundo o hospital. 

Em nota, a Intermédica afirmou que afastou a liderança da unidade objetivando a transparência nas apurações e reiterou seu compromisso em continuar prestando assistência e dando o suporte necessário à paciente. Ainda de acordo com a unidade, outras denúncias apresentadas serão apuradas com critério e rigor.

Defesa da paciente contesta

Ao Terra, a advogada de Gleice, Monalisa Gagno, afirmou que o quadro de diabetes gestacional foi acompanhado pela Intermédica durante o pré-natal, e foi constatada só até o terceiro mês de gestação. “Ela já estava 100% saudável, não tinha nenhum tipo de controle, nenhum tipo de medicação. Então, isso não teve interferência nenhuma. 

Quanto às múltiplas gestações mencionadas pela unidade, a advogada conta que a jovem teve um aborto, pois não houve evolução do feto, mas isso ocorreu entre o primeiro e o segundo filho de Gleice. “Isso não tem relação nenhuma com o que aconteceu agora, porque ela fez o pré-natal inteiro sem problemas”, esclareceu. 

“Vamos supor que tudo isso tudo fosse realmente verdade, que ela fosse diabética, que o parto fosse realmente de risco. Como pode uma empresa fazer um procedimento de parto, que eles alegam ter, e colocá-la em uma maternidade sem UTI, nem para ela e nem para a criança? No mínimo controvertido”, questiona Monalisa. 

Gleice, mãe e o marido dela serão ouvidos na segunda-feira, 23, na 41ª Delegacia de Polícia do Rio de Janeiro, onde o caso é investigado como lesão corporal culposa. Ainda segundo a advogada, uma intermediadora trará uma médica para esclarecer à família o que está acontecendo. A família repudia a nota encaminhada pela Intermédica. 

CREMERJ e Ministério Público

Em nota, a 5ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Saúde da Capital informa que instaurou procedimento para acompanhar os desdobramentos do caso e que adotará as medidas cabíveis. Atualizaremos as informações tão logo tenhamos novidades. 

O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (CREMERJ) não se manifestou até a última atualização desta reportagem.

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