Caso Henry: juíza ameaça expulsar advogado de Jairinho de audiência após ambos discutirem

 

Discussões voltaram a marcar a audiência de instrução e julgamento realizada nesta quarta-feira, 1º, do processo em que o ex-vereador Jairo Souza - conhecido como Dr. Jairinho -, e a ex-namorada, Monique Medeiros, são réus pela morte do filho dela, Henry Borel Medeiros, de quatro anos. Após bater boca com o assistente de acusação e com uma promotora, o advogado de defesa do ex-parlamentar também discutiu com a juíza à frente do caso. 

Henry chegou morto a um hospital do Rio de Janeiro no dia 8 de março 2021. Ele apresentava hemorragia e edemas pelo corpo. Após o óbito da criança, policiais foram acionados e o caso foi registrado pela Polícia Civil. Durante o curso das investigações, a polícia concluiu que o padrasto da criança, Jairinho, torturou o menino, e que a mãe de Henry, Monique, sabia do crime.  

A defesa de Jairinho tenta provar que a criança não estava morta quando chegou ao hospital. A alegação vai contra o que atestaram diversos médicos que participaram da tentativa de reanimação do menino e também o que foi concluído pela perícia policial.

A confusão entre o advogado do ex-parlamentar e a magistrada se iniciou quando a juíza Elizabeth Machado Louro começou a fazer suas perguntas ao perito legista Leonardo Huber Tauil, que assinou o laudo de necropsia de Henry. A magistrada questionou o volume de sangue encontrado na cavidade abdominal do menino e também perguntou se as três lesões que Henry tinha na cabeça podem ter sido causadas por uma queda.

Tauil respondeu que seria "extremamente improvável". Em seguida, a juíza respondeu que também não conseguia visualizar essa cena, "só se a cabeça da criança fosse uma bola de vôlei e ficasse quicando".

O advogado de Jairinho, Claudio Dalledone, se incomodou e questionou o modo como a juíza estava encaminhando suas perguntas ao perito. Eles então discuturam e a magistrada ameaçou colocá-lo para fora do plenário se ele insistisse em interrompê-la. 

"Excelência, pela ordem [...] eu estou no uso das minhas prerrogativas, excelência. A senhora não pode tecer esse tipo de comentário", disse o advogado. Após a juíza ameaçar tirá-lo do plenário por interrompê-la dessa forma durante as perguntas que fazia, o advogado disse: "A senhora vai me prender, é isso?" 

A defesa de Jairinho tenta provar que a criança não estava morta quando chegou ao hospital. A alegação vai contra o que atestaram diversos médicos que participaram da tentativa de reanimação do menino e também o que foi concluído pela perícia policial.

A confusão entre o advogado do ex-parlamentar e a magistrada se iniciou quando a juíza Elizabeth Machado Louro começou a fazer suas perguntas ao perito legista Leonardo Huber Tauil, que assinou o laudo de necropsia de Henry. A magistrada questionou o volume de sangue encontrado na cavidade abdominal do menino e também perguntou se as três lesões que Henry tinha na cabeça podem ter sido causadas por uma queda.

Tauil respondeu que seria "extremamente improvável". Em seguida, a juíza respondeu que também não conseguia visualizar essa cena, "só se a cabeça da criança fosse uma bola de vôlei e ficasse quicando".

O advogado de Jairinho, Claudio Dalledone, se incomodou e questionou o modo como a juíza estava encaminhando suas perguntas ao perito. Eles então discuturam e a magistrada ameaçou colocá-lo para fora do plenário se ele insistisse em interrompê-la. 

"Excelência, pela ordem [...] eu estou no uso das minhas prerrogativas, excelência. A senhora não pode tecer esse tipo de comentário", disse o advogado. Após a juíza ameaçar tirá-lo do plenário por interrompê-la dessa forma durante as perguntas que fazia, o advogado disse: "A senhora vai me prender, é isso?" 
 

Jairinho e Monique são réus em processo pela morte de Henry
Foto: IstoÉ
 
 

Outros bate-bocas

A audiência foi interrompida algumas vezes devido a bate-bocas. A primeira ocasião se deu quando o advogado Claudio Dalledone, que defende Jairinho, reclamou que a promotora de Justiça, sentada ao lado da juíza que está à frente do caso, Elizabeth Machado Louro, falava algo próximo ao ouvido da magistrada. 

"Quando a promotora falar com a vossa excelência, eu preciso saber do que se trata", disse o advogado. "Arruma sua encrenca sozinho. Eu estou tranquila. Eu tenho rivotril aqui", respondeu a promotora. A juíza interviu no desentendimento e a audiência prosseguiu. 

Poucos minutos depois, iniciou-se uma discussão entre Dalledon e o advogado Cristiano Medina da Rocha, que representa o engenheiro Leniel Borel de Almeida, pai do menino. O assistente de acusação reclamou à juíza das perguntas feitas pela defesa de Jairinho ao perito, afirmando falta de objetividade.

Os dois então bateram boca e a campainha do tribunal foi tocada até que eles parassem. Porém, algum tempo após esta primeira discussão entre eles, Cristiano Medina voltou a reclamar de que a defesa estava enrolando com as perguntas e tinha que ser mais direta nos questionamentos. Neste momento, os dois advogados levantaram e foram à frente da juíza, onde ficaram se encarando e discutindo. "Abaixe o tom", disse o advogado de Jairinho. 

Com mais este bate-boca voltou a tocar a campainha do tribunal e os advogados precisaram ser separados pelos policiais militares que fazem a segurança do plenário. 

Peritos são ouvidos em audiência

Durante cerca de três horas, o perito Leonardo Huber Tauil respondeu às perguntas dos advogados de defesa do ex-vereador Jairinho. Realizada nesta quarta-feira no plenário do II Tribunal do Júri e presidida pela juíza Elizabeth Machado Louro, a audiência de instrução e julgamento teve a participação, além do perito, do assistente técnico Sami El Jundi, contratado pelos advogados do ex-vereador. 

Apenas o acusado Dr. Jairinho acompanhou a sessão, de modo virtual, numa sala do Complexo Penitenciário de Gericinó.  

A alegação para a realização da audiência, a pedido da defesa do Dr. Jairinho, foi o de questionar o laudo de necropsia do menino, que morreu no Hospital Barra D’Or, para onde foi levado por sua mãe, Monique, e o ex-vereador, com um quadro de parada respiratória. Segundo os defensores, buscava-se firmar um contraditório no laudo pericial e nos seus complementos na investigação judicial. 

Médico desde 1999, com especialidade em cirurgia geral e coloproctologista, além de ser pai de quatro filhos, o perito Leonardo Tauil disse ser incomum o caso de morte de uma criança por lesão violenta. Ele confirmou que a conclusão do exame de necropsia foi de laceração hepática por ação contundente e hemorragia interna. O legista identificou acúmulo de sangue na cavidade abdominal da criança. 

Inicialmente, o legista alegou que, passado mais de um ano, não tinha como se recordar de cada detalhe do laudo e foi preciso consultar cópias do documento anexado aos autos. Os defensores do Dr. Jairinho queriam saber a origem das fotografias do cadáver do menino, após a realização da autópsia. O legista admitiu não ter sido o autor das fotos, mas que as utilizou para o esclarecimento de dúvidas apresentadas pela autoridade policial ao laudo inicial. 

Para o legista, o foco do exame de necropsia é apontar a causa da morte do indivíduo e, na maioria das vezes, as descrições de pequenas lesões passam a ser genéricas no relatório. Os advogados apresentaram um exame de Raio -X do menino, que foi feito no Barra D’Or. Eles indagaram  sobre possíveis revelações que pudessem ser identificadas no exame. Leonardo Tauil respondeu que não tinha conhecimento técnico suficiente para responder às perguntas.   

A defesa de Monique Medeiros também teve a oportunidade de questionar o legista, mas se limitou a pedir que ele confirmasse a causa da morte e o horário, já apontados no laudo.  

Sami El Jundi, assistente técnico contratado pela defesa do ex-vereador, é médico, perito criminal e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Durante o seu depoimento, ele fez uma análise sobre a necropsia realizada no corpo de Henry. 

“O laudo da necropsia deve descrever o que o perito encontrou, o que ele não encontrou e quais procedimentos realizou. O que mais me chama atenção é a pobreza de elementos descritivos nesse laudo. Ele foi produzido em 44 minutos. Uma necropsia completa e bem-feita dura em torno de 1h30, 2h”, disse. Ele considera que o perito oficial, posteriormente, complementou informações do laudo a partir de fotografias.

“Há uma discrepância entre o que ele colocou no primeiro laudo, quando examinou o corpo, e o que ele acrescentou dias depois. Há uma série de lesões que não estavam descritas no laudo original. A impressão que tenho é que ele fez uma perícia indireta, através de fotografias do corpo”. 

Para Sami El Judi, parte das 23 lesões apresentadas no corpo de Henry foram provocadas durante as manobras de ressuscitação no hospital Barra D’Or.

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