Pandemia: quantidade de crianças brasileiras em idade escolar com problemas de visão chega a 30%

 Dados mostram ainda que 80% das crianças nunca fizeram uma avaliação visual. Consultas regulares ao oftalmologista podem evitar casos graves na visão e atraso no aprendizado.
 
É na escola onde a maioria dos casos de problemas de visão nas crianças são identificados. Normalmente elas começam a apresentar falta de interesse e dificuldade de aprendizado, mas nem sempre os pais conseguem identificar o problema. Nessa fase é essencial que pais e professores estejam alertas aos sinais de que algo pode estar errado com a visão da garotada.
 
“A gente percebe esses pacientes fazendo caretas para enxergar longe, lacrimejamento e coceira no olho, e também eles se aproximando muito das telas de televisão ou sentando mais à frente na escola para tentar ver melhor o quadro. O olho fica mais irritado, coçando e vermelho, eles se queixam também de dores de cabeça. Esses são os principais sinais de que a criança está precisando usar óculos”, explica a oftalmologista do Hospital de Olhos de Pernambuco (HOPE), Larissa Ventura.
 
“O cuidado que a gente tem que tomar é tentar usar o mínimo possível de telas em crianças que já tem miopia. Eu sempre oriento uma hora de uso para dois minutos de pausa. Usa uma hora, vai pegar um lanche, ir ao banheiro, e volta", completa.
 
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), na América Latina, aproximadamente 23 milhões de crianças são portadoras de miopia, astigmatismo e hipermetropia. No Brasil, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) estima que 30% do público infantil em idade escolar tem problemas refrativos- sendo a miopia um dos mais comuns - enquanto 10% das crianças na faixa dos sete aos dez anos precisam usar óculos. Apesar disso, dados do CBO apontam que 80% nunca fizeram uma avaliação visual. 

A oftalmologista Larissa Ventura ainda fala sobre o impacto da pandemia na saúde dos olhos das crianças. “Percebemos um aumento substancial de casos de miopia mais progressivas e até mais precoces em crianças mais novas. Há uma relação direta com o uso de eletrônicos, por usar mais a visão para perto, e também com a diminuição do tempo de exposição ao ar livre, já que a radiação solar é um fator protetivo para o crescimento do olho, pois produz uma substância chamada dopamina, que deixa o tecido ocular mais forte”, diz ela, ressaltando a importância de levar a criança regularmente ao oftalmologista.

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