Movimento negro exige audiência no Senado para discutir racismo ambiental

Movimento negro exige audiência no Senado para discutir racismo ambiental

 

Membros da Coalizão Negra por Direitos, da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ), da Uneafro e de diversos outros movimentos negros do país exigiram, nesta quinta-feira (10), a instauração de uma audiência pública no Senado para pautar o racismo ambiental.

A comitiva foi recebida pelos senadores Paulo Rocha, líder do PT no Senado, e Wilmar Lacerda, chefe do gabinete da legenda no Senado, que se comprometeram com a pauta. A data de início das audiências não foram definidas.

A liderança do PT declarou que as audiências poderão acontecer na Comissão do Meio Ambiente ou na Comissão de Direitos Humanos. Segundo Douglas Belchior, idealizador da Uneafro e da Coalizão Negra por Direitos, as discussões são importantes para trazer a tona o impacto ambiental que povos quilombolas e população negra sofrem por conta do racismo, do descaso e da falta de visibilidade.

"A agenda e as políticas públicas pelo meio ambiente diz respeito a todos os povos, incluindo quilombolas, o povo preto", disse Belchior.

Segundo os membros da sociedade civil, os Projetos de Lei do chamado "Pacote da Destruição" impactam diretamente a vida das pessoas mais vulneráveis. Eliete Paraguassu, que é pesqueira de mariscos no estado da Bahia, afirmou que tanto os pescados  como as pessoas que vivem dessa economia se contaminam com metais pesados e derivados de petróleo, fruto da indústria.

"Minha filha tem câncer, com cerca de 24 anos, e essa juventude, que é negra, está morrendo", alegou. Ela afirma que os movimentos sociais já tentaram um diálogo mais próximo com o governo da Bahia para pedir providências, mas não obtiveram sucesso.

Wilmar Lacerda disse que o PT providenciará um levantamento das comunidades ribeirinhas e quilombolas afetadas para que, assim, se pense ações de enfrentamento à degradação em conjunto. Além disso, a Liderança do PT garantiu que os movimentos negros serão ouvidos pelo governador da Bahia, Rui Costa.

"Está certo que nós vamos conversar com o governo da Bahia para que ele receba todos vocês", declarou o senador durante a reunião.

Segundo as lideranças negras, o diálogo com o governo é inexpressivo. Diante da letalidade policial na Bahia, por exemplo, na Chacina do Cabula, em 2015, Rui Costa disse que a PM era "como um artilheiro em frente ao gol". Para o governador, "a polícia, assim como manda a Constituição e a lei, tem que definir a cada momento e nem sempre é fácil fazer isso".

O senador Paulo Rocha também se comprometeu a levar adiante as reivindicações do movimento negro na Casa. Para ele, o PT já tinha essa iniciativa, principalmente representado pelo senador Paulo Paim. Ainda assim, o parlamentar cobrou proatividade dos movimentos para as questões do racismo ambiental.

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"Nós aprovamos recentemente projetos importes como a injúria racial. No caso do evento de ontem [o Ato pela Terra] faltou um de vocês convencer o Seu Jorge, por exemplo, a brigar pela pauta de vocês", apontou  o líder do PT no Senado.

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