Alexandre manda prender investigados e STF reforça segurança

O ministro Alexandre de Moraes atendeu solicitações da Procuradoria-Geral da República e determinou a realização de uma série de diligências no âmbito do inquérito sobre os atos antidemocráticos marcados para esta quarta-feira, 7.

Entre as medidas está o bloqueio de saques das contas bancárias da Associação Nacional dos Produtores de Soja e da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso, sob suspeita de financiarem as manifestações de ataque à democracia e às instituições, até a quinta-feira, 8. Nota divulgada pelo gabinete do ministro após parte das decisões se tornarem públicas indicou ainda que houve bloqueio de 'diversas chaves PIX e contas bancárias' ligadas a pessoas supostamente envolvidas no financiamento dos atos programados para amanhã.

A decisão sobre a Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso e a Associação Nacional dos Produtores de Soja determina ainda que sejam identificadas e informadas todas as transferências a partir de R$ 10 mil que partiram das contas bancárias sob suspeita para outras entidades ou terceiros, em quaisquer modalidades (DOC, TED, PIX ou outra ordem de pagamento), desde o dia 10 de agosto.

Além das medidas para cortar o financiamento aos atos antidemocráticos, Alexandre acolheu representações da PGR e expediu mandados de prisão preventiva contra Marcio Giovani Niquelatti e Cassio Rodrigues de Souza.

O primeiro, capturado pela Polícia Federal em Santa Catarina neste domingo, 5, disse, em transmissão ao vivo nas redes sociais, que há um empresário 'grande' que está oferecendo dinheiro pela 'cabeça' do ministro do STF, 'vivo ou morto'. Já Souza, preso nesta segunda-feira, 6, é responsável por ameaças diretas a Alexandre de Moraes, tendo postado no Twitter mensagem em que se diz policial militar e afirma que ele e outros agentes 'vão matar' o ministro do STF e sua família.

Também a pedido da PGR, o relator do inquérito das manifestações violentas do dia 7 autorizou o cumprimento de sete mandados de busca e apreensão. Como mostrou o Estadão, parte das ordens são cumpridas pelo o prefeito de Cerro Grande do Sul (RS), Gilmar João Alba, flagrado no último dia 26 levando R$ 505 mil em dinheiro vivo no Aeroporto de Congonhas. A Associação Nacional dos Produtores de Soja e da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso também são alvos das diligências.

STF reforça segurança de ministros 

Preocupado com as manifestações previstas para esta terça-feira, o Supremo Tribunal Federal reforçou a segurança de seus dez ministros - a cadeira de Marco Aurélio Mello, que se aposentou em julho, permanece vaga.

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A Suprema Corte é alvo recorrente dos aliados radicais do presidente Jair Bolsonaro, sendo que dois de seus integrantes, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, são considerados desafetos pelo chefe do Executivo.

A Corte fechou as portas na véspera do feriado para "facilitar os preparativos de segurança". A escolta nas instalações do tribunal será reforçada por agentes das forças de Segurança Pública do governo do Distrito Federal, a entrada de visitantes no prédio ficará proibida e a Praça dos Três Poderes, onde fica a sede do STF, estará fechada.

No fim de semana anterior às manifestações, Bolsonaro voltou, mais uma vez, a subir o tom contra o STF, em especial contra os ministro Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. O presidente afirmou que os atos marcados para o dia 7 serão um "ultimato para duas pessoas", em referência aos magistrados.

Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Barroso entrou na mira de Bolsonaro em razão da defesa da urna eletrônica e do sistema eleitoral brasileiro. Desde sua campanha ao Planalto, Bolsonaro faz alegações sem provas sobre as urnas eletrônicas, sendo que ao longo do último mês recebeu duros recados do Judiciário sobre o tema. O chefe do Executivo se tornou alvo de inquéritos sobre as bravatas contra a urna eletrônica.

Com perfil discreto, Barroso por vezes dá respostas breves e indiretas sobre a ofensiva do Planalto. Ao pedir a investigação do presidente pelos ataques ao sistema eletrônico de votação e as ameadas às eleições 2022, o magistrado chegou a dizer que a "obsessão" de Bolsonaro por ele não "fazia qualquer sentido" e "não era correspondida".

Às vésperas do 7 de Setembro, o ministro divulgou em seu perfil no Twitter sua tradicional lista de "dicas da semana" reproduzindo uma frase atribuída ao ex-deputado Carlos Lacerda: "Quem está no poder deve ter interesse em ordem, não em desordem". Para acompanhar a declaração, o ministro sugeriu o livro Código Machado de Assis, de Miguel Matos, e a música "Você não sabe", da cantora Ana Carolina.

Já o ministro Alexandre de Moraes se tornou um dos principais alvos do presidente em razão dos inquéritos que tem sob sua relatoria, muitos deles sensíveis ao Planalto e contra aliados do chefe do Executivo.

 

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