Lula inclusive mandou um recado direto ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, que já apareceu publicamente usando um boné de campanha do presidente dos Estados Unidos Donald Trump, com o slogan “Make Brazil Great Again”.
— Se vou ser candidato ou não é outros 500. Agora, os loucos que governaram esse país não voltam mais. O seu Tarcísio pode tirar, não vale tentar esconder o chapeuzinho do Trump não, Tarcísio. Pode ficar mostrando pra gente saber quem você é. Está cheio de lobo com pele de carneiro — disse o presidente em entrevista à TV Record.
Lula sinalizou que uma eventual candidatura irá depender do cenário político, mas destacou que está disposto se entender que sua candidatura é necessária.
— Se for necessário ser candidato para evitar isso [retorno da direita], estarei candidato — declarou.
Nesta quarta-feira Tarcísio criticou o governo federal pela condução das relações com os Estados Unidos, após o anúncio da nova política tarifária de Trump.
Em publicação nas redes sociais, o governador paulista afirmou que "não adianta se esconder atrás do Bolsonaro", em referência ao fato de o ex-presidente brasileiro ter sido mencionado na carta de Trump que oficializou as tarifas.
" Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado. Tiveram tempo para prestigiar ditaduras, defender a censura e agredir o maior investidor direto no Brasil. Outros países buscaram a negociação. Não adianta se esconder atrás do Bolsonaro. A responsabilidade é de quem governa. Narrativas não resolverão o problema", escreveu o governador paulista em postagem no X.
A tensão aumentou após o governo brasileiro convocar pela segunda vez nesta quarta-feira o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA, Gabriel Escobar, para cobrar explicações sobre a decisão americana. Segundo o Itamaraty, a carta de Trump dirigida a Lula contém “inverdades” e foi considerada “ofensiva”.
Lula reagiu publicamente, afirmando que "qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica", norma que autoriza o Brasil a aplicar contramedidas proporcionais a ações comerciais hostis de outros países.
— Primeiro, do ponto de vista diplomático tem várias medidas para se tomadas. A gente pode recorrer à OMC (Organização Mundial do Comércio), a gente pode mandar investigação com outros países cobrando dos Estados Unidos coerência. Mas o que mais vai valer é o seguinte. Nós temos a Lei da Reciprocidade, que foi aprovada no Congresso Nacional. E não tenha dúvida. Primeiro, vamos tentar negociar, mas se não tiver negociação a Lei da Reciprocidade será colocada em prática. Se ele vai cobrar 50% de nós, nós vamos cobrar 50% dele — afirmou Lula.