Nasce filho de grávida com morte cerebral mantida viva por lei antiaborto nos EUA

Nasce filho de grávida com morte cerebral mantida viva por lei antiaborto nos EUA

 Adriana Smith — grávida com morte cerebral que foi mantida viva no estado da Geórgia devido às restrições locais sobre o aborto — foi declarada morta nesta terça-feira, após dar à luz na sexta em uma cesariana de emergência, anunciaram as autoridades.

“Na sexta-feira, 13 de junho de 2025, seu filho, chamado Chance, nasceu prematuramente por volta das 4h41 por meio de uma cesariana de emergência”, informaram três congressistas democratas em um comunicado.

Chance está na unidade de terapia intensiva neonatal, acrescentam, e a mãe foi desconectada na terça-feira do suporte que a mantinha viva. Neste fim de semana, Adriana comemoraria seu aniversário de 31 anos. Ela também é mãe de outro menino, de 7 anos.

Smith, uma enfermeira negra, sofreu fortes dores de cabeça em fevereiro, com nove semanas de gravidez. Ela foi ao hospital, mas nenhum exame foi feito e só lhe receitaram alguns medicamentos.

Na manhã seguinte, foi encaminhada à emergência com a respiração ofegante. Dessa vez, o diagnóstico veio: coágulos sanguíneos no cérebro. Aos 30 anos, Smith teve a morte cerebral decretada pouco após sua internação.

No entanto, a lei da Geórgia proíbe o aborto após a detecção da atividade cardíaca do feto, o que geralmente ocorre por volta da sexta semana de gravidez. Como Smith estava com nove semanas, os médicos hesitaram em fazer algo que pudesse infringir a lei.

Mesmo sem autorização da família, seu corpo foi mantido em suporte de vida para permitir o desenvolvimento do feto, com os custos do procedimento sendo pagos pela família.

— Essa decisão deveria ter sido deixada em nossas mãos — declarou sua mãe, April Newkirk, à emissora local da NBC WXIA-TV em meados de maio.

O caso de Smith chocou o país, onde o acesso ao aborto mudou radicalmente desde que a Suprema Corte, de maioria conservadora, revogou o direito federal de interromper a gravidez em junho de 2022. Desde então, mais de 20 dos 50 estados, incluindo a Geórgia, impuseram limites rígidos ao aborto, ou mesmo proibições totais.

O caso reacendeu o debate sobre os limites éticos e legais das políticas antiaborto promovidas por governos estaduais comandados por republicanos, em meio ao corte de gastos e medidas controvérsias da administração de Donald Trump contra organizações voltadas para a saúde feminina.

 

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