O Parque Nacional de Rinjani, na ilha de Lombok, Indonésia, suspendeu temporariamente o acesso de turistas às trilhas do Monte Rinjani para concentrar todos os esforços no resgate da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, que caiu em uma região de difícil acesso do vulcão.
A medida emergencial busca garantir maior agilidade e segurança à operação, que mobiliza seis equipes de resgate e dois helicópteros prontos para decolagem, caso as condições climáticas permitam.
A jovem, natural de Niterói, no Rio de Janeiro, fazia uma trilha guiada quando sofreu a queda, ainda na madrugada de sábado, no horário local. Desde então, permanece consciente, segundo familiares, mas em um ponto da montanha que desafia até os socorristas mais experientes. Em nota oficial, o parque justificou a decisão:
“Para acelerar o processo de evacuação da vítima do acidente na área de Cemara Nunggal, na trilha em direção ao cume do Monte Rinjani, e considerando a segurança dos visitantes, da equipe de resgate e a ordem no local, informamos que: A trilha de Pelawangan Sembalun até o Cume do Rinjani está temporariamente fechada a partir de 24 de junho de 2025, por tempo indeterminado, até que a evacuação seja concluída. Pedimos compreensão e cooperação de todos em nome desse esforço humanitário. Informações oficiais sobre a reabertura da trilha serão divulgadas pelos canais do Parque Nacional do Monte Rinjani.”
As buscas pela publicitária Juliana Marins, brasileira que caiu de um penhasco durante uma trilha ao cume do vulcão do Monte Rinjani, na Indonésia, foram retomadas na noite desta segunda-feira (23), por volta das 20h (6h no horário local). A informação foi divulgada pela irmã da vítima, Mariana Marins, no perfil do Instagram oficial sobre o caso (@resgatejulianamarins).
Numa atualização postada por volta de 0h30 desta terça-feira (horário de Brasília), familiares de Juliana afirmam que a equipe de resgate já desceu 400 metros, mas a brasileira estaria além, a cerca de 650m:
"A equipe de resgate desceu 400m, mas estimam que a localização de Juliana ainda está a uns 650m de distância. Ela estava bem mais longe do que estimaram ontem. Há dois helicópteros de resgate (um em Sumbawa, outro em Jacarta) de sobreaviso, aguardando a confirmação do espaço aéreo para poder decolar e iniciar o planos de voo. Agora são 10h49 em Lombok."
Mais cedo, a irmã de Juliana informou que a tentativa de resgate envolveria equipamentos como uma furadeira, posicionada para subir a montanha e compor um dos planos das equipes de socorro. Ainda de acordo com Mariana, o plano não descartaria usar um helicóptero na operação, hipótese que estaria sendo avaliada e, se possível, será posta em prática entre 11h e 12h do horário local.
"O sentimento é de que teremos Juliana de volta viva", diz Mariana.
Pouco tempo depois de saber da retomada do resgate, a irmã da publicitária, que é natural de Niterói, convidou o público a se unir numa corrente de boas energias a Juliana.
"Convidamos a todos a se juntaram a nós em uma corrente do bem pela Juliana hoje, às 22h. Ela está recebendo nossa energia e se fortalecendo".
Nesta noite, a Escola de Comunicação da UFRJ, onde Juliana se formou em Publicidade e Propaganda, postou em seu perfil no Instagram uma nota se solidarizando à família da publicitária e cobrando atuação mais efetiva das autoridades brasileiras e indonésias.
O acidente
Conduzidos por um guia local, Juliana Marins e outros turistas
caminhavam por uma trilha ao cume do Monte Rinjani, na ilha de Lombok,
na província indonésia de Sonda Ocidentel, cujo fuso horário local é 11
horas à frente do horário de Brasília. De acordo com a família, ela
teria reclamado de cansaço e parado. O guia, então, teria seguido
viagem, deixando a publicitária para trás, que acabou caindo em um
desfiladeiro a 500 metros de profundidade. A jovem foi localizada por um
drone na tarde de domingo (22).
Localização
De acordo com perfil oficial do Parque Nacional do Monte Rinjani, na
Indonésia, "a vítima foi localizada com o uso de um drone, em posição
presa a um paredão rochoso, a uma profundidade de aproximadamente 500
metros, e visualmente sem sinais de movimento às 6h30 (de segunda-feira
(23) na Indonésia e 17h30 de domingo (22) no Brasil".
Autoridades da Indonésia detalharam na manhã desta segunda-feira como
localizaram a brasileira Juliana Marins, que estava desaparecida após
um acidente no vulcão do Monte Rinjani, o segundo mais alto do país.
Informações publicadas no Instagram oficial do Parque Nacional Gunung
Rinjani apontam que a publicitária foi monitorada "com sucesso por um
drone" e permanece presa em um penhasco rochoso a uma profundidade de
cerca de 500 metros, "visualmente imóvel".
Segundo as autoridades da Indonésia, duas equipes de resgate foram
mobilizadas para chegar ao local da vítima e verificar o segundo ponto
de ancoragem a uma profundidade de cerca de 350 metros. Apesar disso,
após observarem o local, os socorristas encontraram duas "saliências"
que impossibilitaram a instalação da ancoragem.
A equipe de resgate teve que começar a escalar para tentar alcançá-la. No procedimento, as equipes enfrentaram "terrenos extremos e condições climáticas dinâmicas", com neblina espessa. Tais condições reduziram a visibilidade no local e aumentaram o risco da operação, de acordo com as autoridades. Por motivos de segurança, a equipe se recolheu e seguiu para uma posição segura.
Na sequência, ainda de acordo com as informações compartilhadas pela administração do Parque Nacional Gunung Rinjani, foi realizada uma reunião de avaliação via Zoom com o governador da província de Sonda Ocidental.
"Em sua orientação, o Governador incentivou a aceleração da evacuação com a opção de uso de helicópteros, considerando o período crítico de 72 horas ('Tempo Dourado') para resgates na natureza", ressalta a nota.
Em resposta ao governador, o chefe do Escritório de Mataram Basarnas explicou o desafio técnico do resgate com helicóptero. Ele ressaltou que, tecnicamente, a missão é "possível", mas seria preciso garantir que as especificações da aeronave fossem adequadas para o transporte aéreo. Além disso, ponderou que as "rápidas mudanças climáticas" podem influenciar na possibilidade de manejo do helicóptero para o resgate de Juliana.
"A equipe permanece de prontidão e comprometida em continuar os
melhores esforços em prol da segurança e da humanidade. A natureza deve
ser respeitada, a segurança continua sendo o principal fator", conclui o
comunicado.
Os esforços para buscá-la no segundo vulcão mais alto do país foram
retomados na manhã desta segunda-feira (horário local). A família da
jovem reclamou do novo recuo, apontou negligência e cobrou urgência das
atividades, já que Juliana "segue sem água, comida e agasalhos por 3
dias".
"Conseguimos a confirmação que o resgate conseguiu localizar novamente a Juliana e está, neste momento, descendo até o local onde ela foi avistada", escreveu a família pouco antes das buscas serem interrompidas.
Juliana, de 26 anos, havia sido vista pela última vez por volta de 17h10 do sábado (horário local) em imagens captadas por um drone de outros turistas. Ela aparece sentada na encosta, após a queda. Novas imagens compartilhadas numa conta no Instagram criada para divulgar informações sobre o caso mostram a publicitária durante o passeio — Juliana caminha pela vegetação, posa para fotos em meio às montanhas e até brinca com uma colega sobre a névoa, que impediu a vista.
A trilha do Monte Rinjani é considerada uma das mais difíceis para turistas na Indonésia. O vulcão se eleva a 3.726 metros do nível do mar, e o caminho tem quilômetros de subidas. Pacotes do passeio mostram opções de trilhas de dois, três e até quatro dias pela região. A de Juliana deveria durar de 20 a 22 de junho, por três dias e duas noites.
Família presa no aeroporto
A caminho da Indonésia para acompanhar o resgate, o pai da publicitária,
Manoel Marins Filho, relatou dificuldades para chegar ao país. Em vídeo
publicado nas redes sociais, ele disse que está parado no aeroporto de
Lisboa, em Portugal, após o espaço aéreo de Doha, no Catar, onde o voo
faria conexão, ser fechado. Nesta segunda-feira (23), o Irã atacou uma
base militar dos Estados Unidos no Catar e no Iraque em resposta a
bombardeios americanos contra instalações de seu programa nuclear.
"Estamos no aeroporto de Lisboa e, infelizmente, o espaço aéreo do Catar foi fechado. Nosso voo, obrigatoriamente, passa por Doha. Não sei o que vai ser. Não sei o que a companhia aérea vai resolver e se vamos conseguir viajar ainda hoje para lá. Continuamos confiando em Deus e pedindo a ele que dê uma solução para tudo. Queremos e precisar chegar lá para poder acompanhar o resgate da Juliana", disse.
Apesar do percalço, o pai mantém a esperança de encontrar a filha viva. E agradeceu o suporte que a família vem recebendo tanto de amigos quanto de desconhecidos.
"Hoje, saiu uma publicação do governo brasileiro falando que está somando esforços com o governo da Indonésia para agilizar o resgate da Juliana. Obrigado a todos que estão se mobilizando. Obrigado ao governo brasileiro, obrigado amigos, obrigado pessoas que nem conheço, mas que estão se solidarizando e apontando caminhos para que possamos trazer Juliana sã e salva, que é o que nós esperamos", declarou.
Imagens do resgate
Interrompida na tarde desta segunda-feira (23) devido a condições
climáticas desfavoráveis, a tentativa de resgate à publicitária
niteroiense Juliana Marins, presa na encosta do vulcão Monte Rinjani, na
Indonésia, envolveu uma equipe de pelo menos dez resgatistas durante a
manhã. Imagens divulgadas no perfil oficial do Instagram do Parque
Nacional Gunung Rinjani mostram os profissionais instalando um girador
de corda no cume e, em seguida, um deles descendo amarrado até certo
ponto.