A fala ocorreu enquanto conversas diplomáticas aconteciam entre ministros de Relações Exteriores de potências europeias e o chanceler iraniano, Abbas Araghchi, em Genebra, para buscar um fim do conflito, que já se estende por oito dias.
— Não vamos parar. Não até que a ameaça nuclear do Irã seja desmantelada, não até que sua máquina de guerra seja desarmada, não até que nosso povo e o seu estejam seguros — disse Danon.
Por sua vez, o embaixador do Irã na ONU, Amir Saeid Iravani, pediu ao Conselho de Segurança que tome medidas urgentes para conter a crise:
— Israel aparentemente declarou que continuará este ataque por quantos dias forem necessários. Estamos alarmados com relatos confiáveis de que os Estados Unidos podem estar se juntando a esta guerra — disse ele.
Em outro momento de tensão, Danon criticou Irvani, que havia criticado o ataque israelense ao Irã minutos antes, por "se fazer de vítima".
— Como ousa pedir à comunidade internacional que o proteja das consequências da sua própria agenda genocida? — disse Danon.
Durante a reunião — a segunda para discutir a situação, solicitada pelo Irã com apoio da Rússia, China e Paquistão —, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu ao Irã e a Israel, e às possíveis partes envolvidas no conflito, que deem "uma chance à paz".
— Para as partes em conflito, para as partes em potencial em conflito e para o Conselho de Segurança, que representa a comunidade internacional, tenho uma mensagem simples e clara: dêem uma chance à paz — disse Guterres. — Há momentos em que as escolhas diante de nós não são apenas importantes, são decisivas. Momentos em que a direção que tomarmos determinará não apenas o destino das nações, mas o futuro da Humanidade. Estamos em um momento assim.
Diálogo em Genebra
Enquanto o Conselho de Segurança se reunia com urgência para abordar as
"ameaças à paz e à segurança" do conflito, as negociações sobre o
programa nuclear do Irã começaram em Genebra entre o principal diplomata
iraniano e seus colegas da União Europeia, França, Alemanha e Reino
Unido.
Os europeus querem aproveitar esta oportunidade para reacender as negociações sobre o programa nuclear do Irã e dar uma chance à diplomacia no oitavo dia de conflito.
Os detalhes das conversas em Genebra ainda não são conhecidos. Mas o presidente francês, Emmanuel Macron, adiantou na manhã desta sexta-feira que seria apresentada "uma oferta de negociação completa, diplomática e técnica" ao Irã, que incluísse a questão do programa nuclear, para acabar com o conflito crescente.
Ainda segundo ele, esta solução pacífica seria "colocada sobre a mesa", mas o Irã precisaria "mostrar sua disposição de aderir à plataforma".
O chanceler iraniano, por sua vez, declarou estar aberto ao diálogo com os europeus.
Enquanto isso, o presidente americano, Donald Trump, deu a si mesmo "duas semanas" para decidir sobre uma possível intervenção militar dos EUA ao lado de Israel. Qualquer envolvimento dos EUA na campanha de Israel envolveria o bombardeio de uma instalação subterrânea de enriquecimento de urânio em Fordow, usando poderosas bombas destruidoras de bunkers que nenhum outro país possui.
O secretário de Relações Exteriores britânico, David Lammy, disse que "agora existe uma janela nas próximas duas semanas para chegar a uma solução diplomática", ao mesmo tempo em que concordou com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, de que "o Irã nunca poderá desenvolver ou adquirir uma arma nuclear".
Governos ocidentais suspeitam que o Irã esteja buscando capacidade de desenvolver armas nucleares.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AEIA) afirma que, embora o Irã seja o único país sem armas nucleares capazes de enriquecer urânio a 60%, não há evidências de que o país tenha todos os componentes para fabricar uma ogiva nuclear funcional.
— Então, dizer quanto tempo levaria seria pura especulação, porque não sabemos se havia alguém secretamente realizando essas atividades — disse o chefe da agência, Rafael Grossi, à CNN. — Não vimos isso e temos que dizer.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da França, Christophe Lemoine, disse que "soluções militares não são soluções de longo prazo" para garantir que o Irã respeite suas obrigações sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear.
Discursando no Conselho de Direitos Humanos da ONU na sexta-feira, Araghchi disse que os ataques de Israel foram uma "traição" aos esforços diplomáticos para chegar a um acordo nuclear entre Teerã e Washington.
— Fomos atacados no meio de um processo diplomático em andamento — disse ele.
Em uma entrevista à publicação alemã Bild, o principal diplomata israelense, Gideon Saar, disse que não acreditava "particularmente" em diplomacia com o Irã.
— Todos os esforços diplomáticos até agora falharam — disse Saar, cujo país apoiou a decisão de Trump em 2018 de abandonar um acordo nuclear anterior entre o Irã e potências mundiais.