O primeiro rito para a despedida do Papa Francisco, que morreu na segunda-feira aos 88 anos, teve início nesta quarta-feira, com um velório que terá a duração de três dias na Basílica de São Pedro, no Vaticano. O funeral em si só acontecerá no sábado, com a presença de muitos fiéis e autoridades, e precederá o conclave que elegerá seu sucessor.
O caixão com o corpo de Francisco — que repousa vestido com uma casula vermelha e mitra branca, segurando um rosário nas mãos — saiu da capela da Casa de Santa Marta, em procissão para a Basílica de São Pedro (um rito chamado "Traslazione della salma del Sommo Pontefice nella Basilica Vaticana") na madrugada desta quarta-feira (9h no horário local e 4h em Brasília).
O trajeto vai percorrer a Praça Santa Marta, Praça dos Protomártires Romanos e Arco dos Sinos, até chegar à Praça de São Pedro. Uma vez na basílica, o caixão do Pontífice então entrará pela porta central.
No interior, o cardeal camerlengo, Kevin Joseph Farrell, presidirá a
liturgia. Ao fim, inicia-se o período de três dias de visitação de
fiéis, até o funeral, no sábado.
No funeral, uma missa de corpo presente será celebrada na Praça de
São Pedro, no Vaticano, em frente à basílica onde o primeiro Papa
latino-americano fez sua última aparição no Domingo de Páscoa. A missa
será presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio de
Cardeais, e concelebrada por patriarcas, cardeais, arcebispos, bispos e
padres de todo o mundo.
A celebração da eucaristia no sábado será concluída com a "Ultima commendatio" e a "Valedictio", marcando o início dos "Novemdiales", os nove dias de luto e missas em homenagem ao Papa Francisco.
A pedido de Francisco, que simplificou as honras fúnebres, ele será sepultado no mesmo caixão que já está sendo utilizado, feito de madeira e zinco. Contrariando uma tradição que vem desde 1903, o Pontífice escolheu ter seus restos mortais enterrados na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, e não no Vaticano. O túmulo, pediu Francisco, deve ser "simples", com uma única inscrição: "Franciscus", seu nome papal em latim.
O conclave
A escolha do sucessor de Francisco será determinada no rito conhecido
por conclave, no qual os cardeais eleitores (que têm menos de 80 anos,
um total de 135 atualmente) votam em um nome. No entanto, o cardeal
bósnio Vinko Puljić, ex-arcebispo de Sarajevo, e o espanhol Antonio
Cañizares não participarão do rito "por motivos de saúde". O próprio
Puljić, que foi arcebispo de Sarajevo de 1990 a 2022, fez o anúncio ao
canal de televisão croata RTL. Já Cañizares, arcebispo emérito de
Valência, não comparecerá nem ao funeral, nem ao conclave, de acordo com
fontes do bispado valenciano.
A data do conclave, porém, ainda não foi definida. Segundo as normas do Vaticano, a reunião deve começar entre o 15º e o 20º dia após o falecimento, ou seja, entre 5 e 10 de maio.
Então, os cardeais se reunirão na Capela Sistina e realizarão quatro votações por dia, duas pela manhã e duas à tarde, exceto no primeiro dia. As cédulas contendo os votos e as anotações feitas pelos cardeais são destruídas e queimadas pelo camerlengo. A eleição exige maioria qualificada (dois terços dos votos).
A chaminé, que os fiéis podem ver da Praça de São Pedro, emite uma fumaça preta se ninguém ainda tiver sido escolhido. Caso contrário, uma fumaça branca produzida com produtos químicos anuncia ao mundo que "habemus papam".