Um tribunal venezuelano emitiu uma ordem de prisão contra o opositor Edmundo González Urrutia, que reivindica sua vitória nas eleições presidenciais de 28 de julho, nas quais o presidente Nicolás Maduro foi declarado vencedor em meio a denúncias de fraude, informou nesta segunda-feira (2) o Ministério Público (MP).
"O tribunal de primeira instância em funções de controle a nível nacional concorda com a ordem de apreensão contra Edmundo González Urrutia por graves crimes", escreveu o MP em sua conta no Instagram, minutos depois de anunciar que solicitava a prisão.
O MP solicitou a um tribunal com jurisdição sobre terrorismo o mandado de prisão contra González Urrutia por supostos crimes relacionados às eleições, que incluem "desobediência das leis", "conspiração", "usurpação de funções" e "sabotagem".
González Urrutia, 75 anos, foi convocado a depor no MP em três ocasiões. Não compareceu a nenhuma delas, embora a terceira tenha coincidido com um apagão em todo o país na última sexta-feira, 30 de agosto.
O diplomata - em clandestinidade desde 30 de julho - argumentou que o
MP estava atuando como um "acusador político", que o submeteria a um
processo "sem garantias de independência e do devido processo".
As convocações estavam focadas em um site no qual a oposição publicou cópias de mais de 80% das atas de votação, arquivos que afirmam comprovar a vitória de González Urrutia em 28 de julho e a fraude de Maduro.
O governo, por sua vez, acusa a oposição de "usurpar" as funções da autoridade eleitoral e de publicar material fraudulento.
A Suprema Corte, acusada de favorecer o chavismo, ordenou uma investigação após validar o resultado oficial do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que proclamou Maduro como vencedor do pleito com 52% dos votos. Não foi publicado, no entanto, o detalhamento da contagem mesa por mesa, como exige a lei.
Maduro pediu que González Urrutia e a líder da oposição María Corina Machado, também em clandestinidade, fossem presos. O presidente os responsabiliza por atos de violência nas manifestações pós-eleições que resultaram em 27 mortos - dois deles militares -, quase 200 feridos e mais de 2.400 detidos.
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, já havia anunciado uma investigação criminal contra ambos por "incitação à insurreição" militar, após um apelo aos militares para que reconhecessem a vitória de González Urrutia.
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