Coreia do Norte executou homem por ouvir e divulgar K-pop, afirma relatório sul-coreano

 

Um jovem norte-coreano de 22 anos foi executado publicamente por ver e partilhar filmes e músicas sul-coreanas, afirma o Relatório de 2024 sobre os Direitos Humanos da Coreia do Norte, divulgado na quinta-feira, 28, pelo ministério da unificação da Coreia do Sul.

O relatório destaca as tentativas de Pyongyang de conter o fluxo de informação e cultura externas e compila testemunhos de 649 desertores norte-coreanos. As informações são do The Guardian.

De acordo com o depoimento de um desertor não identificado, um jovem da província de Hwanghae do Sul foi executado publicamente em 2022 por ouvir 70 canções sul-coreanas, assistir a três filmes e distribuí-los, violando uma lei norte-coreana adotada em 2020 que proíbe "ideologia reacionária" e "cultura", destacou o jornal britânico.

O relatório ainda detalha os extensos esforços das autoridades norte-coreanas para controlar o fluxo de informação externa, especialmente dirigida aos jovens.

Segundo o The Guardian, casos de repressão envolvendo punições por práticas "reacionárias", como noivas usando vestidos brancos, noivos carregando a noiva, usando óculos escuros ou bebendo álcool em taças de vinho - todos vistos como costumes sul-coreanos, também foram relatados.

Além disso, celulares também são frequentemente inspecionados quanto à grafia dos nomes dos contatos, expressões e gírias consideradas de influência sul-coreana, afirma o relatório.

O jornal britânico aponta que a proibição do K-pop faz parte de uma campanha para proteger os norte-coreanos da influência "maligna" da cultura ocidental que começou sob o comando do antigo líder Kim Jong-ll e se intensificou sob seu filho Kim Jong-un.

Em 2022, a rádio Free Asia, financiada pelo governo dos Estados Unidos, disse que o regime estava a reprimir a moda e os penteados "capitalistas", visando jeans skinny e t-shirts com palavras estrangeiras, bem como cabelos tingidos ou longos, afirmou.

Segundo o The Guardian, especialistas dizem que permitir que a cultura popular sul-coreana se infiltre na sociedade norte-coreana poderia representar uma ameaça à ideologia que exige lealdade absoluta à "infalível" dinastia Kim que governa o país desde a sua fundação em 1948.

Nas últimas semanas, a Coreia do Norte enviou milhares de balões através da fronteira contendo resíduos, em retaliação ao lançamento de balões vindos do Sul, com milhares de folhetos anti-Pyongyang, pendrives com músicas de K-pop e doramas (dramas sul-coreanos), além de cédulas de um dólar a partir de uma cidade que fica na fronteira dos países.

 

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