Coçar os olhos pode causar doença que atinge 150 mil brasileiros por ano

Coçar os olhos pode causar doença que atinge 150 mil brasileiros por ano

Se você costuma coçar os olhos, é bom ficar alerta: o hábito pode causar o surgimento do ceratocone, doença que é a principal causa de transplantes de córnea no mundo. De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), o problema atinge uma a cada 2 mil pessoas no Brasil e, por ano, afeta cerca de 150 mil brasileiros.

"Comparada a outras doenças oftalmológicas, o ceratocone é uma condição rara, porém durante a pandemia tornou-se mais difícil manter o acompanhamento oftalmológico regular”, afirma a oftalmologista Natália Regnis, do HOPE, hospital integrante do grupo Vision One.

Desde o início da pandemia da Covid-19 no Brasil, em 2020, o número de transplantes de córnea caiu pela metade no país. É o que revelam dados apresentados pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Naquele ano, foram 7,1 mil transplantes de córnea ante 14,9 mil em 2019. Em 2021, o procedimento ainda continuou 16% abaixo da pré-pandemia com 12,7 mil brasileiros transplantados.

A oftalmologista Manuela Cordeiro, do Hospital de Olhos Santa Luzia, que também faz parte da rede Vision One, explica que o tratamento contra a doença varia de acordo com a gravidade do problema. “Em fases iniciais, o uso de óculos é suficiente. No entanto, à medida que o ceratocone evolui, os óculos precisam ser substituídos por lentes de contato rígidas. O anel intraestromal poderá ser uma alternativa em alguns casos, cuja lente de contato não é suficiente. Em quadros avançados, existe a possibilidade do transplante de córnea”, orienta a médica do Hospital Santa Luzia.

Manuela acrescenta ainda que para casos em progressão é possível utilizar o chamado crosslinking, procedimento que utiliza luz ultravioleta e riboflavina. “O crosslinking do colágeno é indicado para os ceratocones em progressão, com objetivo estabilizar a doença. O procedimento é rápido, realizado sob anestesia local, e não exige internação hospitalar”, conta a oftalmologista Manuela Cordeiro.

A oftalmologista Natália Regnis aponta para a importância do diagnóstico precoce. “A doença costuma surgir e progredir em pacientes mais jovens e tende a se estabilizar no decorrer dos anos. Porém, se não diagnosticada e tratada precocemente pode evoluir para casos mais avançados e surgir complicações”, argumenta a médica do HOPE.

“O ceratocone é uma doença que ocorre na córnea, e o fato de coçar os olhos, por exemplo, é um fator de risco para seu desenvolvimento. Porém a fase inicial pode ser assintomática, e se não houver um acompanhamento oftalmológico de rotina, a doença pode progredir e muitas vezes o paciente só perceberá alguma dificuldade quando surgir alguma complicação ou já na fase tardia”, completa a oftalmologista Natália Regnis.

Está ainda em tramitação na Câmara dos Deputados um projeto de lei (PL 1405/2022) que visa instituir a Política Nacional de Prevenção da Cegueira e Reabilitação Visual de Pessoas com Ceratocone. A ideia é estruturar uma rede oftalmológica de assistência para a redução do tempo de espera de realização de diagnóstico e procedimento terapêutico e a capacitação de profissionais da saúde a respeito da doença. A proposta foi apresentada em maio deste ano.

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