Justiça volta a autorizar que hospital desligue aparelhos de garoto em coma no Reino Unido

 

A Justiça voltou a determinar que seja interrompido na Inglaterra o tratamento de um garoto que está em coma após sofrer uma lesão cerebral.

Archie Battersbee, de 12 anos, foi encontrado inconsciente na casa dele, na cidade de Southend-on-Sea, em 7 de abril.

Médicos do Royal London Hospital, em Londres, onde o garoto está internado, disseram à Justiça ser "altamente provável" que Archie tenha sofrido "morte cerebral" e solicitaram autorização para desligar os aparelhos.

Hollie Dance, mãe do garoto, disse que estava "devastada" e que a família planeja recorrer da decisão para que o tratamento de Archie prossiga.

"Archie gostaria que continuássemos lutando... e continuaremos lutando", disse ela.

Esta é a segunda vez que o caso está na Suprema Corte de Londres. Um segundo juiz concordou anteriormente com os médicos e decidiu que Archie está morto, e, na sexta-feira (15/7), o juiz Hayden também decidiu a favor do hospital.

Ele apreciou o caso na Suprema Corte na segunda-feira (11/7), depois que a família foi ao Tribunal de Apelação, que decidiu que uma nova audiência era necessária.

O juiz Hayden disse que continuar o tratamento seria "fútil" e que serviria "apenas para prolongar sua morte, sendo incapaz de prolongar sua vida", disse ele.

Advogados que representam o Barts Health NHS Trust, entidade responsável pela administração do hospital, disseram ao juiz que Archie sofreu uma lesão cerebral "devastadora".

Eles argumentaram que o suporte à vida era "um fardo", "contrário à dignidade" e "eticamente angustiante" para os médicos que o tratavam.

Os pais de Archie argumentaram que o tratamento deveria continuar enquanto seu coração estivesse batendo.

O menino de 12 anos sofreu lesões cerebrais na casa dele. Sua mãe diz acreditar que o filho participou de um desafio online que o deixou inconsciente.

Hollie e o pai de Archie, Paul Battersbee, estão sendo apoiados pela organização Christian Legal Center, em uma tentativa de conseguir na Justiça que os aparelhos sejam mantidos em funcionamento.

Durante uma audiência de três dias na semana passada, especialistas disseram que testes clínicos não mostraram atividade cerebral "discernível".

A juíza Emma Arbuthnot disse na ocasião que dava "permissão aos profissionais médicos do Royal London Hospital para deixarem de ventilar mecanicamente Archie Battersbee".


Mãe critica decisão judicial

Em um comunicado divulgado após a primeira decisão, da juíza Arbuthnot, a mãe de Archie declarou estar "devastada e extremamente decepcionada com a decisão depois de semanas travando uma batalha legal, quando o meu desejo era estar ao lado da cama do meu filho."

"Basear essa decisão em um teste de ressonância magnética e definir que ele 'provavelmente' está morto não é o suficiente. Acredita-se que esta seja a primeira vez que alguém foi declarado 'provavelmente' morto com base em um teste de ressonância magnética."

Ela disse que se sentiu "enojada" que o hospital e a juíza não levaram em conta a vontade da família e acrescentou que não acredita que "Archie tenha tido tempo suficiente" para se recuperar.

"Seu coração ainda está batendo, ele segurou minha mão e, como mãe, sei que ele ainda está lá", disse ela.

"Até que seja a vontade de Deus, não vou aceitar que ele vá embora. Já soube de milagres em que as pessoas têm morte cerebral e voltam à vida."

Mas o juiz Hayden disse que as evidências mostram que Archie sofreu uma "lesão significativa" em "múltiplas áreas" do cérebro e não "recuperou a consciência em nenhum momento".

A juíza Arbuthnot disse que a devoção da família de Archie era "extraordinária".

"Se Archie permanecer respirando por aparelhos, o resultado provável para ele é morte súbita, e as perspectivas de recuperação são nulas", disse ela.

"Ele não tem prazer com a vida, e seu dano cerebral é irrecuperável", afirmou Arbuthnot. Segundo a decisão da juíza, baseada nos registros de ressonância magnética, a morte de Archie ocorreu no dia 31 de maio.

A situação, segundo Arbuthnot, impossibilitou que "sua querida e amada família dissesse adeus".

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Alistair Chesser, diretor médico da entidade que administra o hospital, disse que seus pensamentos estão com a família de Archie e que está "garantindo que haja tempo para a família decidir se deseja apelar [na Justiça] antes que quaisquer alterações nos cuidados sejam feitas".

 

 

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