Maior tragédia do século em Pernambuco, o temporal que provocou 128 mortes e deixou mais de 9 mil desabrigados no fim de maio exigiu uma capacidade sobre-humana dos serviços de resgate.
Só na última semana, o Corpo de Bombeiros estima que recebeu mais de 40 mil chamados por dia para atuar em ocorrências relacionadas à chuva na Região Metropolitana do Recife e na Zona da Mata. Durante o período, a corporação empregou quase 500 profissionais em regime de escala. Desses, 85 vieram de outros estados, como Bahia, Maranhão, Santa Catarina, Minas Gerais e Paraíba.Os números foram apresentados nesta sexta-feira (3), pelo comandante do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco, o coronel Rogério Coutinho.
Segundo ele, a instituição "se colocou de prontidão" desde o dia 25,
quando foram registrados os primeiros deslizamentos de terra e
afogamentos, em Olinda e Jaboatão dos Guararapes.
"Começamos a montar e distribuir as equipes. E, da sexta (27) para o
sábado (28), nós iniciamos efetivamente nosso trabalho e aí contamos com
toda a nossa força operacional, convocamos os militares que estavam de
folga e tivemos apoio de militares do interior do Estado que vieram nos
auxiliar", contou.
Além do suporte de outras corporações, como as Forças Armadas e as
polícias, houve, ainda, o reforço de bombeiros vindos de outros estados,
que já começaram a voltar para os seus lugares de origem. De acordo com
o comandante, muitos deles atuaram em outros desastres ocorridos no
País, como as chuvas no sul da Bahia e em Petrópolis, no Rio de Janeiro,
e as tragédias de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais.
Outros fatores fundamentais para o resgate das vítimas foram o apoio das
próprias comunidades, que ajudavam com informações sobre os locais e as
casas atingidas, o uso de máquinas, como as retroescavadeiras, e o uso
de cães farejadores, que, em muitos casos, encontraram os corpos. Ao
todo, 22 animais participaram das operações. Apenas um deles é de
Pernambuco.
"A vantagem do cão é que ele tem um olfato muito apurado e ele consegue,
diante de um cenário muito extenso, apontar qual o local onde a vítima
possivelmente estava. E isso fazia com que a gente conseguisse
centralizar nossas buscas num perímetro bem menor", explicou Coutinho.
Chuva e dificuldades
Entre as principais dificuldades enfrentadas pelos bombeiros durante os
resgates, segundo o coronel Rogério Coutinho, estavam as condições de
tempo.
"Foram dias de chuvas torrenciais. Havia o risco de as barreiras
continuarem desabando, como realmente aconteceu. Por diversos períodos,
tivemos que recuar as nossas equipes para protegê-las de outra tragédia
possível. A própria quantidade de chuvas, a lama no local, a
visibilidade noturna, isso dificulta o trabalho", afirmou.
Apesar de as buscas já terem encerrado, depois que a última vítima foi
achada, na manhã desta sexta (3), em Camaragibe, o comandante do Corpo
de Bombeiros ressaltou que as ações da Operação Inverno continuam até
agosto.
"[Diante de] qualquer aviso meteorológico que fuja da normalidade, nós
iremos avançar no nosso plano de atuação. E se houver um novo aviso, a
população saberá que o Corpo de Bombeiros continua trabalhando", disse.
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