Depois de mais de dois anos, a Marquês de Sapucaí voltou a receber
os desfiles das escolas de samba cariocas. Entre a noite de ontem (20) e
a madrugada de hoje (21), sete agremiações da Série Ouro, a segunda
divisão do carnaval do Rio de Janeiro, passaram pelo local.
A
reabertura do Sambódromo ficou por conta da Em Cima da Hora, escola do
bairro de Cavalcanti, no subúrbio carioca, que já entrou na avenida com
um atraso de mais de 40 minutos. Com cerca de 1.800 componentes,
divididos em 23 alas, reeditou seu enredo de 1984 sobre o trem 33, que
saía de Japeri rumo à Central do Brasil.
A
segunda escola a entrar na avenida foi a Acadêmicos do Cubango. A
agremiação de Niterói, que homenageou a atriz Chica Xavier, com seus
cerca de 2.200 componentes, divididos em 19 alas. Tanto a Cubango quanto
a Em Cima da Hora buscam uma participação inédita na divisão de elite
do samba carioca.
Acidente
A
Cubango já estava dispersando quando uma criança ficou gravemente
ferida em um acidente envolvendo um carro alegórico de outra escola, a
Em Cima da Hora, na área de dispersão do Sambódromo.
A
alegoria da Em Cima da Hora já estava fora do Sambódromo, na rua Frei
Caneca, manobrando para retornar ao barracão quando houve o acidente. A
menina foi encaminhada para o Hospital Souza Aguiar, onde passou por
cirurgia nas pernas.
O incidente provocou um
atraso de uma hora no início do desfile da Unidos da Ponte, já que a
Polícia Civil teve que isolar a área de dispersão para fazer a perícia
no local.
Retomada
A
Ponte apostou em uma homenagem à irmã Dulce, freira baiana que morreu
em 1992 e se tornou Santa Dulce dos Pobres ao ser canonizada em 2019. A
agremiação já desfilou no Grupo Especial por dez anos, sendo a última
vez em 1996. Para retornar à divisão de elite depois de 26 anos, a
escola de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, levou à avenida 20
alas com 1,7 mil componentes.
A escola
aproveitou para homenagear o ator Paulo Gustavo, morto em maio do ano
passado, vítima da covid-19. Uma das alegorias traz irmã Dulce e o
artista, ao lado de um “portão do céu”. A Ponte acabou passando um
minuto do tempo de desfile máximo do desfile, de 55 minutos, o que pode
ocasionar a perda de pontos.
A Unidos do Porto
da Pedra, de São Gonçalo, é outra escola que tenta retornar ao Grupo
Especial, onde desfilou por 15 anos entre 1996 e 2012 e onde chegou a
conquistar uma quinta posição (em 1997). A agremiação levou cerca de 2
mil componentes, em 23 alas, para homenagear mãe Stella de Oxóssi,
escritora que defendeu o respeito ao candomblé, e terminou o desfile bem
próximo ao tempo limite.
A União da Ilha,
tradicional escola da Ilha do Governador, na zona norte carioca, foi a
quinta escola a entrar na avenida, com sede de Grupo Especial depois do
rebaixamento de 2020.
A escola perdeu seu
carnavalesco, Severo Luzardo, um mês e meio antes do desfile, mas
superou o desafio com a animação de suas 20 alas e 1,8mil integrantes,
para falar sobre a devoção a Nossa Senhora Aparecida, padroeira do
Brasil.
A atriz Cacau Protásio interpretou a
santa na comissão de frente. A Ilha cruzou a reta final do desfile
também bem próximo ao limite de tempo.
Unidos
de Bangu, escola do bairro homônimo localizado na zona oeste carioca,
entrou na avenida com o sol já começando a raiar buscando um retorno ao
Grupo Especial depois de seis décadas, com 1.500 componentes, divididos
em 17 alas, e uma controversa homenagem a Castor de Andrade,
contraventor carioca com grande atuação no carnaval.
A escola fechou o desfile com 58 minutos, três além do máximo permitido, já com o dia claro.
Encerrando
o primeiro dia de desfiles da Série Ouro, a Acadêmicos do Sossego,
entrou na avenida por volta das 6h30, levando para a avenida profecias
indígenas sobre o colapso ambiental do planeta. Com 17 alas e 2 mil
integrantes, a agremiação niteroiense, que busca acesso inédito ao Grupo
Especial em 2023, terminou dentro do tempo permitido.
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