"Dói ver a cena dele ajoelhado antes de morrer", diz mãe de jovem morto em SP

 

Três dias antes de ser assassinado por um falso entregador em um assalto no Jabaquara, zona sul de São Paulo, na segunda-feira, 25, o estudante universitário Renan Silva Loureiro, de 20 anos, passou por momentos marcantes com sua família. Ele foi padrinho de casamento de sua tia em uma cerimônia em São Paulo.

"Na sexta-feira, o Renan foi meu padrinho de casamento e me abençoou. Eu pude te dizer como eu estava feliz e como eu o amava. Ainda bem que eu tive essa oportunidade de viver o melhor momento da minha vida com ele", disse a empreendedora , Carolina Bongiovanni. "Tia Carol", como era chamada por Renan, conta que ele, como primeiro sobrinho, acabou ensinando uma nova forma de relacionamento, o de tia e sobrinha. "A gente ama um ser que não nasceu de você e que transforma sua vida em tia".

Renan foi baleado na cabeça durante tentativa de assalto. Ele estava com a namorada na Rua Freire Farto, no Jabaquara, por volta das 22h40, quando foram abordados pelo criminoso. Câmeras de segurança gravaram o momento em que o assaltante atira para o alto e Renan se ajoelha dizendo: "Eu não tenho nada". Quando o criminoso aponta a arma para a namorada dele, Renan reage. Depois é baleado quatro vezes. Um dos tiros atingiu sua cabeça.

"Dói muito ver a cena dele ajoelhado", diz a mãe de Renan, Clarice Silva, que trabalha como estrategista de conteúdo e social media. "Nunca imaginei perder um filho de forma tão brutal. O que me conforta é ouvir as pessoas falando dele com carinho".

Nas redes sociais, ela escreveu uma mensagem ao suspeito. "Embora o meu coração oscile entre a tristeza e a raiva, você não vai tirar a bondade de dentro de mim. Que seja preso, julgado e condenado. E cumpra a sua pena".

Jovem buscava ascensão em cafeteria onde trabalhava

Estudante do primeiro ano de Administração de Empresas da Universidade Paulista (Unip), Renan estava no começo da vida profissional, que já era promissora. Em ano e meio já havia sido promovido duas vezes. Depois de começar como atendente em uma cafeteria da franquia Starbucks, ele comemorava a chance de iniciar o treinamento para coordenador. No primeiro dia de trabalho, ele acordou às 5h da manhã com medo de perder o horário - seu horário de entrada era 7h. Renan morava com a mãe e o irmão mais novo.

Pelos colegas de trabalho, ele foi descrito como uma pessoa dedicada, responsável e que sempre estava sempre sorrindo. Um deles disse que ele tinha uma maneira especial de explicar as coisas falando "tipo assim" e juntando o dedão e o indicador.

A tia conta que estava especialmente satisfeito neste ano. Era o primeiro emprego dele. "Jamais vou esquecer deste último ano, quando ele arrumou emprego e ficava todo orgulhoso contando sobre o trabalho e explicando os processos", conta Carolina.

O crime chocou também os moradores do Parque Jabaquara. Dois vizinhos relataram que os moradores da rua Freire Farto, onde Renan morreu, estão com medo e evitam sair de casa à noite. O funcionário de uma oficina mecânica da região, que não quer se identificar, afirma que mudou seu caminho para ir ao trabalho para evitar a rua. A mudança de trajeto significa um acréscimo de 10 minutos.

"Toda vez que a gente passa por ali, a gente lembra do que houve, é uma sensação ruim. A gente sai de casa, mas não sabe se vai voltar", diz o mecânico que vive na região há seis meses. Na esquina onde Renan foi atingido, ainda é possível perceber velas e flores colocadas pelos moradores mesmo depois de cinco dias da tragédia.

Suspeito preso

O suspeito de matar o universitário Renan Silva Loureiro em um roubo na zona sul de São Paulo no início da semana se entregou nesta sexta-feira, 29, à Polícia Civil. Acxel Gabriel de Holanda Peres foi preso por policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Ele tem 23 anos e, de acordo com a polícia, já tem dez passagens criminais por roubo e receptação.

Nesta quinta-feira, 28, o presidente Jair Bolsonaro prestou solidariedade à família e à namorada de Renan. O novo delegado-geral da Polícia Civil do estado, Osvaldo Nico Gonçalves, confessou ter ficado abalado com o assassinato e que as equipes estão empenhadas na prisão do suspeito. Até a última atualização desta reportagem, o suspeito não tinha se entregado ou havia sido preso.

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