Viúva revela conversa sobre suicídio antes de galã se matar

“Pedro morreu de suicídio ou morreu de tristeza?”, perguntou o apresentador Manuel Luís Goucha. “Morreu de suicídio. Ele estava doente, e uma das consequências dessa doença (a depressão) é a pessoa sentir o ímpeto de se suicidar”, respondeu com sinceridade cortante Anna Westerlund, viúva do ator português Pedro Lima.

Na terça-feira (14), a ceramista concedeu a primeira entrevista na TV desde 20 de junho de 2020, quando o galã de novelas feriu o próprio pescoço e também o abdômen e se atirou ao mar em Cascais, perto de Lisboa. O corpo foi encontrado horas depois. Ele tinha 49 anos e deixou 5 filhos. Sua morte teve repercussão internacional.

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“A pandemia terá agravado esse medo da incerteza do futuro?”, questionou Goucha. “Certamente. Nos trouxe a todos um bocadinho de medo. Trouxe ao Pedro uma paranoia que teve a ver com o isolamento, o desinfetar tudo”, contou Anna.

O apresentador quis saber se ela cogitara que o marido daria fim à vida. “Eu e o Pedro falamos disso dias antes. Eu perguntei se passava isso pela cabeça. Ele respondeu-me olhos nos olhos que não. E eu acreditei porque o Pedro não era um mentiroso. Mas a verdade é que o amor não salva tudo. Senão estaríamos todos aqui.”

Em outros trechos da emocionante conversa exibida no canal TVI, o entrevistador e a convidada alertaram a respeito da importância de buscar o bem-estar psíquico. “É um legado do Pedro pôr as pessoas a falar de saúde mental”, observou Goucha. “Consultar um psiquiatra ou um psicólogo era malvisto. Éramos os maluquinhos. ‘Isso é para malucos’, diziam.”

“Está previsto que num futuro próximo a depressão será a doença mais incapacitante do mundo”, lembrou Anna. “Claro que caminhamos errado em termos de saúde mental. É uma sociedade perfeccionista, competitiva e egoísta. Quem tem depressão é (considerado) fraco. Isso tem que mudar”, afirmou a ceramista.

Manuel Luís Goucha questionou se familiares e amigos poderiam ter, de alguma maneira, impedido o suicídio de Pedro Lima. “Não sinto isso. Há essa ideia de que alguém poderia tê-lo salvo. Quando eu perguntei a uma amiga que conhecia o Pedro desde sempre, ‘será que eu lhe faltei em algum momento?’, ela disse: ‘Anna, tu salvaste o Pedro durante 20 anos’. Eu fiz tudo certo. Era a hora dele.”

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 800 mil pessoas cometem suicídio a cada ano. Os homens representam a maioria. No Brasil, eles são 75% das pessoas que tiram a própria vida. A resistência em admitir problemas emocionais e procurar ajuda médica, devido ao machismo enraizado, explica essa incidência alarmante.

Neste mês acontece a campanha Setembro Amarelo, organizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina, com a conscientização da importância da prevenção do suicídio. Dos casos registrados no Brasil, 96,8% estão relacionados a transtornos mentais. As causas mais comuns são depressão, bipolaridade e abuso de substâncias.

Os serviços públicos de saúde oferecem atendimento e tratamento. O CVV (Centro de Valorização da Vida) promove apoio emocional 24 horas, todos os dias, a quem precisa desabafar e se aconselhar. O telefone é 188.

 

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