A CBF voltou a se pronunciar oficialmente sobre o imbróglio envolvendo a seleção brasileira e a Argentina, nas Eliminatórias da Copa do Mundo. Em nova nota, a entidade se isentou de qualquer responsabilidade sobre o caso, que levou à suspensão do clássico aos cinco minutos do primeiro tempo no domingo, e revelou ter enviado três avisos aos argentinos sobre as regras sanitárias vigentes no País relativas à pandemia de covid-19.
"A CBF esclarece ainda que cumpriu rigorosamente seu papel institucional
como entidade anfitriã do jogo, informando todos os envolvidos no jogo a
respeito das leis sanitárias em vigor no país em ofício enviado, por
meio da Secretaria Geral da entidade, no dia 5 de julho, e reenviado
posteriormente em 11 de agosto e 2 de setembro", anunciou a entidade
brasileira.
Na nota, a CBF diz que esteve presente na reunião
realizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em que
todas as entidades relacionadas ao jogo, incluindo a Associação de
Futebol Argentino (AFA), estiveram presentes, no sábado, véspera da
partida, em São Paulo.
No entanto, a entidade nacional reitera
que sua participação foi burocrática, representada pelo médico Roberto
Nishimura, coordenador operacional da sua Comissão Médica Especial. "A
CBF enviou representação à referida reunião como ouvinte, atendendo a
pedido da Vigilância de Saúde do Estado de São Paulo, onde estiveram
reunidos representantes do referido órgão, do Ministério da Saúde, da
Anvisa, da Conmebol e da Associação Argentina de Futebol (AFA)."
A
CBF reiterou as informações divulgadas pela Anvisa, sobre a reunião de
sábado, e revelou mais detalhes. De acordo com a confederação, os
argentinos descumpriram as orientações da Anvisa durante o próprio
encontro, em que as autoridades brasileiras explicavam que os jogadores
Emiliano Martinez, Emiliano Buendia, Giovani Lo Celso e Cristian Romero
deveriam estar em quarentena, após entrarem de forma irregular no País.
"Após
a reunião, quando solicitada a presença dos atletas, os agentes da
Vigilância de Saúde foram informados que os jogadores haviam saído para o
treinamento, descumprindo orientação passada durante a reunião. O órgão
informou o descumprimento à Agência Nacional de Vigilância Sanitária e
ao Ministério da Saúde, responsáveis pela análise do pedido de
excepcionalidade encaminhado pela Conmebol em nome da AFA", informou a
CBF.
Na mesma nota, a entidade explicou que o "pedido de
excepcionalidade" foi negado pelo Ministério da Saúde, em comunicação da
Conmebol à AFA. Segundo a CBF, a notificação aconteceu já na Neo
Química Arena, em São Paulo, mas havia "tempo suficiente para adotar os
procedimentos necessários". Ou seja, o quarteto argentino poderia ter
sido retirado do estádio antes do início da partida.
Por fim, a
nota diz que o presidente em exercício da CBF, Ednaldo Rodrigues, não
"interferiu em qualquer ponto relativo ao protocolo sanitário
estabelecido pelas autoridades brasileiras para a entrada de pessoas no
país". "O papel da CBF foi sempre na tentativa de promover o
entendimento entre as entidades envolvidas para que os protocolos
sanitários pudessem ser cumpridos a contento e o jogo fosse realizado",
registrou a entidade.
A partida entre Brasil e Argentina, pelas
Eliminatórias, foi suspensa aos 5 minutos de jogo, com a entrada de
agentes da Anvisa e Polícia Federal no gramado do estádio do
Corinthians, no domingo. A agência nacional alegou que precisava retirar
do jogo os quatro jogadores argentinos, que entraram de forma irregular
no País por não informarem que estiveram no Reino Unido dias antes de
desembarcar no Brasil.
A portaria interministerial nº 655, de
junho de 2021, estabelece que viajantes estrangeiros que tenham
passagem, nos últimos 14 dias, por Reino Unido, África do Sul, Irlanda
do Norte e Índia estão obrigados a cumprir quarentena para evitar a
disseminação de novas variantes do coronavírus. Há suspeita de que os
argentinos também infringiram a legislação nacional ao apresentarem
supostamente informações mentirosas no formulário em que deveriam
apresentar os países em que estiveram nos últimos dias.