Pernambuco confirma primeiros casos locais de infecção pela variante Delta

 O Governo de Pernambuco informou, no final da tarde desta quinta-feira (12), a identificação dos dois primeiros casos de infecção pela variante Delta, cepa que chega a ser até 60% mais transmissível do que a versão original do coronavírus causador da Covid-19, em pacientes residentes no Estado.   

"Estava a caminho da coletiva, quando recebi o resultado de um novo laudo (de sequenciamentos genéticos) do Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz/PE). Entre as 52 amostras analisadas, duas positivaram para a variante Delta”, disse o titular da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), André Longo. 

Os casos são de dois pacientes do sexo masculino, com idades de 24 e 49 anos, moradores, respectivamente, de Abreu e Lima e Olinda, ambas na Região Metropolitana do Recife (RMR).


Os dois começaram a apresentar os primeiros sintomas da doença no dia 15 de julho e foram notificados como casos leves, sem a necessidade de internação hospitalar.  

Em análise preliminar, a SES-PE identificou que os dois homens tomaram vacina contra a Covid-19, o que pode ter auxiliado para que os quadros fossem leves.

De acordo com o sistema de informação do Ministério da Saúde (MS), o homem de 24 anos completou o esquema vacinal em março, com a vacina CoronaVac/Butantan. Já o de 49 anos fez a primeira dose da Pfizer/BioNTech em meados de maio. 

"Já demos início às ações de vigilância epidemiológica. Esse achado só reforça a importância da manutenção dos cuidados e de avançar com a vacinação. Quem está com a segunda dose atrasada, tome”, pontuou André Longo, frisando que cerca de 300 mil pernambucanos estão com a segunda dose em atraso. 

O secretário disse, ainda, que já foi iniciado um trabalho de investigação sobre esses dois pacientes infectados com a Delta com o intuito de identificar se há transmissão comunitária da variante no Estado. 

A transmissão comunitária é atestada quando não é mais possível identificar como o paciente se infectou. "Vamos refazer o percurso que essas pessoas fizeram, ir atrás dos contatos, saber quem adoeceu, quem não adoeceu. Tentar testar quem, eventualmente, esteja com a doença ativa, porque pode ter gerado uma cadeia de transmissão”, disse André Longo. 

"A vigilância (genômica) leva um tempo, porque os municípios detectam, selecionam as amostras, enviam para o sequenciamento. Isso, por vezes, demora entre 20, 25 dias, que é mais tempo que o desejado. Mas vamos puxar o fio para identificar toda a ramificação e, então, definir se temos circulação comunitária ou não. Mas adianto que seja muito possível, até provável, que já tenhamos”, completou o secretário. 

Até esta quinta, Pernambuco não havia confirmado casos locais da variante Delta. Os únicos casos detectados no Estado eram os dos tripulantes filipinos do navio Shoveler, de bandeira cipriana, que ficou atracado quase um mês no Porto do Recife por conta de um surto do vírus. 

Três desses viajantes chegaram a ficar internados em unidades de saúde da rede privada do Recife, mas, segundo André Longo, todos os profissionais que atuaram no suporte aos casos do navio foram monitorados e, entre os que testaram positivo, nenhum teve confirmação de infecção pela variante Delta. 

'Disputa' entre variantes
Das 52 amostras biológicas analisadas pelo Instituto Aggeu Magalhães nessa nova rodada de sequenciamentos, 49 (94%) apresentaram a variante Gama (P.1), oriunda de mutação ocorrida no estado do Amazonas e que também foi predominante nos trabalhos anteriores. Além dos dois casos da Delta, ainda teve um que apresentou a variante B.1, que não é considerada de preocupação. 

André Longo disse ainda que não há uma certeza sobre como a Delta se comportará no Brasil, que está se recuperando de uma segunda onda de casos da Covid-19 provocada pela P.1. Assim como a Delta, ela é mais transmissível que o coronavírus original, detectado na China, no final de 2019.

A rapidez com a qual a P.1 se espalhou gerou colapsos nos sistemas de saúde de vários estados do País durante o primeiro semestre. Essa 'concorrência' é algo que está sendo analisado.

"A gente tem conversado com sanitaristas e pessoas que estudam a introdução dessas variantes no Brasil e, diferente de outros países, a introdução da Delta tem sido mais lenta que em outros países. Atribui-se à presença da variante P.1, que é diferente da encontrada pela Delta em outros países (que têm cepas menos transmissíveis). Tendo em vista que o Brasil nunca teve controle mais adequado da pandemia, então não é tão simples a predominância da variante Delta, ainda mais em um cenário de expansão da vacinação. São duas barreiras que dificultam a introdução da variante Delta (a presença da P.1 e a vacinação)”, disse o gestor. 

"Esses casos são de julho. Se nós tivéssemos tendo um surto, os indicadores tenderiam a apresentar alguma diferença. A gente não identificou nada. Pelo contrário, os indicadores estão em queda. Mas isso não pode gerar relaxamento”, completou.

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