Dois filipinos, tripulantes do navio cargueiro Shoveler, que está atracado no Recife desde o último dia 2, por conta da identificação de casos da Covid-19 entre os viajantes, tiveram resultado positivo para infecção pela variante Delta do coronavírus. O sequenciamento genético das amostras foi realizado pelo Instituto Aggeu Magalhães (IAM – Fiocruz-PE).
Os homens, de 25 e 48 anos, estão internados em enfermarias de uma unidade de saúde da rede privada do Estado e têm quadro clínico estável, de acordo informações da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE).
Um terceiro tripulante, de 49 anos, segue internado em um leito de UTI, também na rede privada, mas não foi possível detectar qual a cepa do coronavírus com a qual ele foi infectado.
O Shoveler partiu da Suécia e tinha como destino final o Porto de Paranaguá, no Paraná, Sul do Brasil. Mas, no dia 30 de junho, por conta da suspeita de casos da Covid-19 no navio, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou a atracação no Porto do Recife.
Dos 19 tripulantes da embarcação, nove foram diagnosticados com a Covid-19. Fora os três internados, os demais estão isolados no próprio navio e passam bem.
Embora tenham sido feitas apenas duas confirmações de infecção pela variante Delta no grupo, é possível que outros tripulantes também tenham sido afetados por ela.
Mas, segundo o titular da SES-PE, André Longo, apenas as duas amostras analisadas tinham grau de virulência que permitia a realização do sequenciamento genético. As outras sete não chegaram a passar pelo processo.
Monitoramento
André Longo disse ainda que 27 trabalhadores envolvidos na assistência
aos tripulantes do navio estão sendo monitorados. Até o momento, uma
profissional da saúde teve o resultado positivo para a Covid-19, mas
está assintomática, em isolamento domiciliar.
A amostra dela também passará por sequenciamento genético, a fim de
investigar a presença ou não da variante Delta. Já as pessoas que
tiveram contatos direto com ela estão sendo monitoradas.
Vacinas
A Delta, identificada pela primeira na Índia, é até 60% mais transmissível que a versão original do Sars-CoV-2 e, segundo estudos preliminares, é neutralizada somente com duas doses de vacina.
Na semana passada, já com a presença do Shoveler em território estadual,
foi dada autorização para a antecipação da segunda dose do imunizante
da AstraZeneca/Oxford/Fiocruz, passando o intervalo mínimo entre as
aplicações para 60 dias.
Apesar de a Fiocruz ter mantido a orientação de aplicar com a segunda dose após 12 semanas da primeira, o Governo de Pernambuco manteve a estratégia.
“Se há doses exclusivas para D2 (dose 2) na prateleira, é importante que
seja antecipado, pois está confirmado que são as duas doses que
protegem contra as variantes, sobretudo a Delta. Se nós tivéssemos doses
específicas apenas para D1, não estaríamos utilizando para D2. Mas, se
tem dose e as pessoas têm tempo (de intervalo) recomendado pela bula da
AstraZeneca e confirmado em orientação da Anvisa, não tem porque não
acelerar”, explicou André Longo.
“Esses casos identificados aqui são classificados como importados,
não tendo sido detectada ainda transmissão local da Delta. Seis outros
estados já registraram casos da Delta, alguns com casos de transmissão
comunitária. Isso só reforça a necessidade de acelerar a vacinação,
sobretudo a vacinação completa, que é a que protege contra a variante",
completou.
A partir da confirmação dos dois casos da variante Delta no Estado, o
Governo de Pernambuco entrou em contato com o Ministério da Saúde para
solicitar medidas especiais.
"Solicitamos o mesmo tratamento dado ao Maranhão após a confirmação
dos casos da variante Delta lá. Foi solicitado o envio de 840 mil testes
de antígeno e de 420 mil doses extras de vacina”, completou André
Longo.
“Temos progredido bastante na imunização da nossa população desde o
início da campanha de vacinação. Mas é preciso intensificar esse
trabalho, porque sabemos que, quanto mais pessoas imunizadas com as duas
doses das vacinas tivermos, e mais rapidamente, menor será a propagação
dessa variante, que tem preocupado o mundo todo”, frisou o governador
Paulo Câmara.
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